A economia do Brasil está prestes a sofrer uma desaceleração?

A economia brasileira apresentou desempenho melhor do que o esperado no segundo trimestre do ano, mas analistas ressaltam que os sinais são de desaceleração da atividade nos próximos meses.

O PIB do país cresceu 1,2% no segundo trimestre em relação ao primeiro trimestre e subiu 3,2% em relação ao ano anterior, informou o IBGE nesta quinta-feira (1).

O crescimento ocorreu graças ao desempenho positivo dos setores industrial e de serviços, mas os indicadores sugerem que não se repetirá nos próximos meses.

“Esperávamos um cenário econômico mais fraco este ano, com a alta de juros do Banco Central, mas algumas medidas do governo, como o aumento dos programas sociais e a redução dos impostos sobre combustíveis, deram um impulso à atividade econômica”, opinou Alex Agostini, economista-chefe da agência de classificação Austin Rating.

“No entanto, a fraqueza econômica, que era esperada no segundo semestre ficará mais clara no próximo ano”, acrescentou Agostini, que espera que o PIB cresça 2% este ano e apenas 0,1% em 2023.

O Banco Central elevou agressivamente a Selic para combater a inflação. No início do ano passado, a taxa de referência era de apenas 2%, o nível mais baixo da história, mas agora está em 13,75%.

O impacto desse aumento agressivo ainda não foi sentido no consumo desde que o presidente Jair Bolsonaro aumentou os pagamentos feitos às famílias de baixa renda no âmbito do programa social Auxilio Brasil e também ordenou a redução dos impostos sobre a gasolina, limitando os aumentos nos preços dos combustíveis.

Espera-se que o Banco Central faça pelo menos mais um aumento da taxa de juros este ano, o que causará um impacto adicional na atividade econômica em 2023.

“O aumento de 1,2% do PIB trimestral no segundo trimestre, mais forte do que o esperado, nos levou a revisar nossa previsão de crescimento do PIB em 2022, de 2,0% para 2,5%, acima do consenso. A probabilidade de um aumento final, para 14,00%, no atual ciclo de aperto cresceu. Mas a economia deve enfraquecer no segundo semestre do ano e o crescimento em 2023 provavelmente será baixo, em torno de 0,8%”, escreveu a equipe econômica da Capital Economist em um relatório de pesquisa.