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À venda, Bamin atrai interesse da Vale

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À venda, Bamin atrai interesse da Vale

O Eurasian Resources Group, do Cazaquistão, colocou à venda a Bahia Mineração (Bamin), atraindo o interesse da Vale.

Atualmente a Bamin está desenvolvendo a mina Pedra de Ferro, o projeto de águas profundas Porto Sul e um trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), que ligará a mina ao porto.

“Todo o projeto é muito bom, sendo o minério de ferro desta mina de alta qualidade. Porém, a conclusão do projeto, incluindo a parte logística, exige um investimento total entre 5 e 6 bilhões de dólares, e a Bamin está tendo dificuldades em arrecadar tais recursos”, disse uma fonte familiarizada com o assunto à BNamericas.

Segundo fornecedores locais, os projetos logísticos associados à Bamin enfrentam alguns atrasos, com questões relacionadas com pagamentos de serviços e equipamentos. Além disso, as obras de construção do trecho da FIOL, em regime de concessão, também avançam lentamente, tal como as obras do porto.

A esperada venda da Bamin atraiu o interesse da Vale, que está em negociações com outras partes interessadas – incluindo a Cedro Mineração e o BNDES – para avaliar os ativos.

“O que está sendo avaliado é que a Vale teria o controle acionário da Bamin, enquanto a Cedro teria uma participação de 20% a 30% e o BNDESPar [braço acionário do BNDES] teria uma participação menor”, comentou à BNamericas uma fonte envolvida nas negociações.

Neste momento, as discussões estão sendo coordenadas pela área de fusões e aquisições da Vale, e detalhes sobre um possível acordo ainda não foram apresentados aos diretores, revelou outra fonte, ligada ao conselho da Vale.

Não se sabe quanto seria pago ao grupo cazaque para adquirir a empresa, mas as negociações envolvem também a possibilidade de a Eurasian receber royalties pela operação da mina de ferro quando esta atingir plena produção.

Em 2022, a Bamin anunciou um plano para investir R$ 20 bilhões (cerca de US$ 3,6 bi atualmente) para desenvolver a mina Pedra de Ferro, juntamente com a rede logística de apoio às suas operações, incluindo a FIOL e o Porto Sul.

A capacidade de produção de minério de ferro da Pedra de Ferro está atualmente em torno de 1 Mt/a (milhão de toneladas por ano), mas a previsão é que aumente para 26 Mt/a nos próximos anos. Enquanto isso, a construção do trecho da FIOL está 60% concluída.

Recentemente, a mídia local noticiou o interesse da Vale em adquirir a Bamin, atribuindo os rumores sobre um possível acordo à pressão do governo federal, que quer ver a maior mineradora do país investindo mais em projetos no Brasil.

No entanto, executivos envolvidos nas negociações afirmam que as principais motivações para um acordo são financeiras e operacionais. Ao assumir o projeto, a Vale estaria investindo em maior produção, após anos de estagnação na produção de minério de ferro.

Procurada pela BNamericas, a assessoria de imprensa da Bamin informou que a empresa “não comenta especulações de mercado”. Já a Vale afirmou que “não há neste momento qualquer informação relevante a divulgar ao mercado como resultado desta prospecção”.

INTERESSE DA VALE 

Os primeiros sinais de que a Vale tinha interesse genuíno em adquirir a Bamin surgiram no final do ano passado, quando a empresa contatou a Cedro Mineração, que atualmente fornece minerais para a Vale.

Visando dividir os riscos do negócio, a Vale também gostaria de envolver o BNDES para financiar a conclusão dos projetos logísticos e o BNDESPar para deter uma participação minoritária no consórcio que seria formado.

A decisão sobre a compra não é iminente, já que a Vale está atualmente em processo de seleção de um novo CEO, que assumirá no próximo ano.

O controlador da Bamin vem tentando encontrar um parceiro para a empresa há vários anos, tendo a empresa sido anteriormente oferecida a empresas siderúrgicas na China e no Japão, as quais poderiam estar interessadas agora. Contudo, os esforços anteriores consideraram apenas a venda de uma participação minoritária, sendo agora provável que o controle total da empresa seja negociado.

NUANCES POLÍTICAS

Um potencial acordo envolvendo a aquisição da Bamin também envolve fatores políticos importantes.

“O ativo minerário da Bamin envolve parte importante de logística, ferrovia e porto, no estado da Bahia, e nos últimos anos, quando foram procurados investidores para aderir a esses projetos, as divergências políticas no Brasil assustaram os investidores”, revelou à BNamericas uma fonte que trabalhou na intermediação de uma possível venda do ativo no passado.

Entre 2015 e dezembro de 2022, Rui Costa, atual ministro-chefe da Casa Civil, foi governador da Bahia. Durante a presidência de Jair Bolsonaro (2019-2022), o então governador foi bastante ativo na oposição ao governo federal, se envolvendo em diversos confrontos. 

Costa é influente no Partido dos Trabalhadores (PT) e próximo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com Lula no governo, o estado teria condições políticas favoráveis para avançar com os projetos, já que Jerônimo Rodrigues, atual governador baiano, também é do PT. Além disso, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) está sob o guarda-chuva da Casa Civil. 

Dado que Lula também tem pressionado a Vale a investir mais em ativos e projetos no Brasil, é possível que o negócio se concretize. 

“Há um alinhamento de interesses favorável para avançar agora a venda do ativo. Isto não significa necessariamente que a venda da Bamin vá se concretizar, mas agora as condições são mais favoráveis”, acrescentou a fonte que trabalhou em uma possível negociação.

A ferrovia e o porto associados ao projeto da Bamin são considerados transformadores para o estado da Bahia. Com a infraestrutura logística a ser construída na região, uma série de outros projetos de mineração no estado também seriam beneficiados.

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