Aclara revisa estratégia para que projeto de terras raras no Chile receba luz verde

Por meio de dois novos estudos de impacto ambiental, a empresa canadense Aclara Resources espera reverter o freio na avaliação de seu projeto de terras raras Módulo Penco, de US$ 130 milhões, que está sendo desenvolvido na região centro-sul do Chile.

O Serviço de Avaliação Ambiental alertou para um possível impacto nas árvores nativas naranjillo, que circundam o local, no município de Penco, próximo à cidade de Concepción, na região de Biobío. (Veja foto abaixo)

Isso “mudou a classificação para zona de preservação e, com isso, temos que reformular o projeto. Agora temos uma estratégia definida para a reentrada [do novo relatório técnico] nos próximos quatro meses que irá coletar todas as observações dos organismos setoriais”, disse o diretor-geral da Aclara no Chile, Nelson Donoso, em resposta a uma pergunta da BNamericas durante um webinar organizado pela rede de profissionais de mineração Netmin, na segunda-feira (25).

O primeiro estudo (EIA 1) será apresentado no início do próximo ano e abrangerá os primeiros cinco anos de vida útil da mina, que está estimada em 17 anos, incluindo o processo de encerramento.

O EIA 1 contempla melhorias técnicas e terá como foco três zonas de extração: Victoria Norte, Luna e Maite, além da área de deposição e instalações de produção, informou, na terça-feira (26), a subsidiária Hochschild Mining em comunicado.

“Com os 200 ha que vamos intervir, poderemos fabricar 18 milhões de carros elétricos e, com os produtos que vamos produzir, poderá ser neutralizado o equivalente a cinco anos de CO₂ do Chile”, disse Donoso.

O segundo estudo (EIA 2) será elaborado assim que estiverem reunidas as condições para expandir a produção através da incorporação de novas áreas extrativas, acrescentou a empresa.

“À luz da revisão da estratégia de licenciamento, a empresa optou por adiar a conclusão do seu estudo de viabilidade e ter mais tempo para continuar a refinar os aspectos de engenharia do projeto, adicionando melhorias que resultariam em menores despesas de capital e operações, e maior eficiência operacional”, ressaltou a Aclara.

“Essas melhorias são o resultado direto da experiência adquirida em pilotos recentes e da pesquisa e desenvolvimento em andamento”, acrescentou.

“A estratégia revisada reflete nosso compromisso de abordar as preocupações levantadas pelos serviços de avaliação ambiental chilenos, mesmo que isso resulte no desenvolvimento gradual do projeto”, disse o gerente-geral Ramón Barúa no comunicado.

De acordo com o cronograma revisto, a Aclara prevê a aprovação do EIA 1 no quarto trimestre de 2025 e o início da construção no início de 2026. Da mesma forma, espera inaugurar a produção no segundo trimestre de 2027.

“MINERAÇÃO VERDE”

A concepção do projeto considera um modelo de processamento que consumirá apenas água reciclada da cidade de Concepción, que recirculará 95%. Além disso, o Módulo Penco terá baixo consumo de energia, não utilizará detonação, britagem ou moagem e não gerará rejeitos ou resíduos líquidos, disse Donoso.

Acrescentou que as árvores nativas não estão localizadas em áreas de mineração ou operação e todas as áreas intervencionadas serão reflorestadas com espécies nativas como parte do processo de fechamento ambiental. Foi até considerada a doação do terreno a uma fundação de conservação, disse o executivo.

Disprósio, neodímio e térbio são três minerais críticos para as mudanças climáticas, de acordo com a última lista do Departamento de Energia dos EUA. Embora escassos, estão presentes no Módulo Penco.

Módulo Penco. Fonte: Aclara