Acordos da Winity com ISPs aguardam aprovação de contrato da Telefônica para avançar

A brasileira Winity Telecom, empresa atacadista de telecomunicações do Pátria, aguarda a aprovação de seu acordo de compartilhamento com a Telefônica, considerado um contrato âncora para o financiamento de suas operações, para avançar em projetos com provedores de serviços de internet (ISPs).

A Winity tem hoje mais de 10 MoUs assinados com ISPs para o uso de sua rede, dos quais pelo menos quatro estão em estágio avançado, disse à BNamericas o CTIO da empresa, Estevam Araújo.

“A discussão sobre a aprovação do contrato [com a Telefônica] é, de certa forma, um trigger para tudo. Mas existem, sim, conversas bastante avançadas, tanto com ISPs que compraram espectro quanto com ISPs que são apenas provedores de banda larga fixa e não possuem espectro”, explicou Araújo.

A Winity é uma empresa de infraestrutura de telecomunicações criada pelo fundo Pátria para atuar no segmento atacadista. A empresa estreou no leilão de 5G do país, realizado em novembro de 2021.

Na época, o Pátria/Winity pagou US$ 1,4 bilhão por um bloco na faixa de 700 MHz, um ágio de 805% em relação às outras ofertas, da Highline e Datora.

Entre as obrigações da empresa relacionadas à faixa estão cobrir com pelo menos 4G centenas de localidades sem conectividade e 2.349 trechos de rodovias federais, totalizando mais de 35.000 km, até 2029.

A empresa, porém, pretende conectar 55.000 km de rodovias.

Para este ano, a Winity deve cobrir 118 trechos de rodovias e levar conectividade móvel a 250 localidades que não contam com o serviço atualmente.

O plano de negócios da Winity prevê a implantação de 19.000 sites até 2029, de um total de 70.000 que seriam exigidos de todos os vencedores do leilão, considerando todas as frequências.

Do total de 19.000 da Winity, a empresa deve instalar 5.000 sites como parte de suas obrigações a partir deste ano.

“Estamos trabalhando para o financiamento das demais 14.000”, comentou o CEO da Winity, Sérgio Bekeierman, à BNamericas.

O modelo de negócios da empresa depende em grande parte do acordo com a Telefônica, que foi aprovado pelo Cade, mas ainda aguarda aprovação da Anatel.

A Winity assinou um contrato de atacado com a Telefônica. Com base no acordo, a Telefônica usará a infraestrutura passiva da Winity para expandir a cobertura móvel. O contrato permite que a Winity utilize a rede da Telefônica para cumprir seus compromissos.

A Telefônica tem o direito de alugar até 3.500 sites de celular da Winity até 2030. A Winity também alugou para a Telefônica, por até 20 anos, uma porção de 5 MHz + 5 MHz de sua faixa de espectro de 700 MHz, o que representa cobertura em 1.100 localidades.

Por fim, Winity e Telefônica assinaram um acordo de roaming, que pode evoluir para um acordo de compartilhamento de rede de acesso via rádio, dependendo do tráfego processado.

Operadoras menores e torreiras se opõem ao acordo, argumentando que ele cria uma participação de mercado exclusiva para a unidade da Telefónica espanhola.

Segundo eles, a faixa de 700 MHz do leilão 5G foi projetada para novos participantes, e empresas estabelecidas, como Telefônica, Claro e TIM, já possuíam frequência no espectro e, como tal, foram impedidas de concorrer novamente por ela.

SATÉLITE

Enquanto isso, a Winity avança com acordos para fortalecer sua rede e suas operações.

A Amdocs foi contratada como parceira de planejamento de rede da empresa. Para satélites, a Winity conta com uma parceria com a Hughes.

O projeto, que combina a rede móvel com o backhaul via satélite da empresa, está em fase piloto no estado do Maranhão e deve ser expandido para outras localidades com o tempo.

A Winity também participou de negociações com a Starlink para explorar oportunidades de backhaul de satélite, segundo Araújo.