Aegea assumirá controle da Corsan

A Aegea Saneamento e Participações, maior empresa privada de saneamento do Brasil, foi a única licitante em um leilão da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) e agora assumirá o controle da empresa.

A Aegea ofereceu R$ 4,15 bilhões (US$ 976 mi) para adquirir a Corsan na terça-feira (20), pouco acima do preço de reserva de R$ 4,10 bilhões estabelecido pelo governo.

No início deste ano, o governo do Rio Grande do Sul tentou privatizar a Corsan por meio de um IPO, com o estado planejando manter uma participação minoritária na empresa. No entanto, teve que suspender a iniciativa depois que o Tribunal de Contas do Estado exigiu correções no modelo econômico-financeiro.

Autoridades estaduais veem a privatização como uma forma de aumentar a capacidade de investimento da Corsan e melhorar e expandir os serviços. A empresa opera em 317 municípios do Rio Grande do Sul, atendendo a 6 milhões de pessoas.

Os governos estaduais têm se voltado cada vez mais para privatizações e concessões para seus serviços de água depois que o Congresso aprovou uma nova estrutura em meados de 2020, a qual obriga todos os estados e municípios a fornecer cobertura total de água e esgoto para todos os residentes até 2033.

INCERTEZA

A falta de competição no leilão pode apontar para um crescente temor dos investidores sobre possíveis mudanças regulatórias no setor. A Iguá Saneamento e a Águas do Brasil também estavam interessadas em participar do leilão da Corsan, mas desistiram, conforme afirmou uma fonte envolvida no leilão estadual à BNamericas, pedindo anonimato.

Recentemente, alguns dos membros da equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva explicaram que estão buscando rever as regulamentações existentes para o setor, incluindo o papel da reguladora ANA.

“As regras para o setor de saneamento no Brasil são bastante complexas, envolvem players nacionais e locais. Os investidores que começaram a se posicionar no setor no Brasil demoraram a entender todas as regras e quando parece que estão entendendo bem, já se fala em mudá-las”, disse em entrevista  à BNamericas Christianne Dias Ferreira, ex-chefe da ANA e sócia da consultoria com foco em infraestrutura Vallya.

“Tudo isso cria um ambiente de incerteza e teremos que esperar para ver o que o governo eleito realmente vai querer discutir sobre a regulamentação do saneamento”, ela concluiu.