Amdocs otimista com acordos de 5G no Brasil após ganhar o contrato Winity do Pátria

A Amdocs vê potencial para novos acordos com os vencedores do leilão 5G do Brasil, incluindo participantes do mercado, após um contrato de vários anos recém-anunciado com a operadora de telefonia móvel Winity Telecom, disse o diretor de vendas da Amdocs para a América Latina, Ralf Souza, à BNamericas.

No leilão de espectro de novembro passado, a Winity tornou-se uma nova operadora sem fio nacional depois de pagar 1,4 bilhão de reais (US$ 269 milhões), mais de 806% do preço mínimo estabelecido, por um bloco de espectro nacional na faixa de 700 MHz.

A empresa, criada pelo grupo de investimentos Pátria Investimentos, atuará como operadora de atacado, fornecendo infraestrutura e acesso a outras empresas de telecomunicações.

O contrato de seis anos com a Amdocs, cujos detalhes financeiros não foram divulgados, refere-se a serviços de engenharia, planejamento e projeto para a ativação da rede Winity, disse Souza.

Isso inclui análises de cobertura e capacidade, além de definições e ajustes de parâmetros de rede, garantias de KPI (indicador chave de desempenho) e acompanhamento de rollout, segundo o executivo.

Os serviços são vistos como fundamentais para a gestão de uma operação de telecomunicações e, no caso da Winity, para viabilizar a implantação de redes 4G e 5G em comunidades remotas no Brasil.

Isso ocorre porque os requisitos de cobertura do Winity associados à banda de 700 MHz incluem a habilitação de 4G ou melhor cobertura de internet móvel em quase 36 milo km de rodovias federais, além de conectar 625 pequenas localidades em todo o país.

Até dezembro de 2023, a rede deve estar presente em pelo menos 10% das referidas rodovias e, a partir de então, os prazos são anuais. Até 31 de dezembro de 2029, todas as rodovias devem ter conexão.

No geral, a Winity estima que pelo menos 5 mil antenas celulares precisam ser implantadas até 2029 para atingir as metas de cobertura.

“Esse número é resultado de um estudo que realizamos para avaliar as necessidades de cobrir esses trechos de rodovias e locais sem 4G”, disse o CEO da Winity, Sergio Bekeierman, à BNamericas no ano passado.

Segundo Souza, alguns sites já estão sendo construídos, mas a ativação deve acelerar nos próximos meses.

“É importante notar que, além da cobertura para pequenos municípios distantes, incluindo conectividade com escolas públicas, o projeto ajudará a suprir a lacuna digital e trará benefícios econômicos e sociais para essas localidades”, disse Souza.

“A Amdocs colaborará na parceria com suas soluções e ampla experiência no projeto e implementação de redes 4G/5G, bem como sua futura expansão e migração para outras tecnologias”, acrescentou.

A Winity agora se torna a principal empresa de torres da América Latina e uma das maiores do mundo, pelo menos durante o período em que deve cumprir as obrigações da licitação.

OUTROS CONTRATOS

Como parte de sua estratégia de implantação, a Winity anunciou em abril um acordo com uma das maiores distribuidoras de combustíveis do Brasil, a Ipiranga, para implantar antenas em todos os 7.104 postos Ipiranga.

No mês passado, a Winity anunciou um contrato de atacado com a Telefônica Brasil, segundo o qual a Telefônica usará a infraestrutura passiva da Winity para expandir a cobertura dos serviços de telefonia móvel.

Conforme o acordo, a Telefônica tem o direito de alugar até 3.500 sites de celular da Winity até 2030.

A Winity também arrendou para a Telefônica, por até 20 anos, uma parcela de 5 MHz+5 MHz de sua faixa de espectro de 700 MHz, representando cobertura de 1.100 municípios.

Por fim, a Winity e a Telefônica firmaram um acordo de roaming, que pode evoluir para um acordo de compartilhamento de rede de acesso via rádio, dependendo do tráfego processado. O contrato ainda precisa ser aprovado pela Anatel e pelo Cade.

A Anatel, no entanto, está vendo problemas de concorrência. Havia uma expectativa de que o Winity pudesse ser o facilitador de uma grande rede nacional de atacado 4G, permitindo que pequenos provedores regionais acessassem áreas ainda não cobertas pela tecnologia.

Do jeito que está, o amplo acordo com a Telefônica deixaria pouco espaço para os players regionais usarem a rede.