Ameaçada pelo crime, economia peruana desacelera em agosto

O crescimento econômico do Peru caiu em agosto e certos setores podem perder força se o problema da falta de segurança não for resolvido.

O PIB registou um aumento interanual de 3,53% em agosto, mas cresceu a um ritmo mais lento em comparação com 4,47% em julho, segundo o instituto de estatísticas INEI.

A expansão no oitavo mês foi resultado principalmente do bom desempenho do setor minerário, que subiu 8,87% frente a agosto de 2023. Na contramão, outros setores intensivos em mão de obra, como a indústria e o comércio varejista, cresceram a taxas inferiores a 3%.

A economia cresceu 2,88% entre janeiro e agosto em relação ao período homólogo, mas nos últimos 12 meses contados até agosto de 2024 o aumento foi de apenas 1,69%.

Segundo entidades financeiras locais, o crescimento em 2024 oscilaria entre 2,9% e 3,1%. A insegurança, no entanto, pode limitá-lo.

SEGURANÇA

O crescimento é dificultado pelo avanço da criminalidade via crimes como extorsão e do roubo, entre outros, o que leva as empresas a dar prioridade à proteção das suas operações em vez de crescerem e aproveitarem o dinamismo setorial.

No caso do varejo, que representa mais de 10% do PIB, o seu crescimento não atingiu taxas superiores a 3% entre janeiro e agosto, tendo aumentado 2,86% no interanual de agosto, segundo o INEI.

Embora o quarto trimestre do ano seja normalmente o mais dinâmico devido às compras de Natal e ao dinheiro extra proveniente de gratificações salariais, há algum receio por parte do setor. As campanhas de Natal começam em outubro, mas serão restritas este ano devido aos crescentes problemas de segurança pública, conforme explicou Jorge Solís, presidente da Federação Peruana de Bancos Municipais de Poupança e Crédito, a mídia Gestión.

No caso do setor industrial, que representa 16,5% do PIB, a situação é semelhante. Segundo pesquisa da Sociedade Nacional das Indústrias, duas em cada dez empresas afirmam ter sido vítimas de roubo no terceiro trimestre.

A pesquisa mostrou ainda que mais de 47% das 150 empresas pesquisadas viram sua produção limitada pelo crime e que, apesar de haver maior intenção de contratar, não há apetite para investimentos no curto prazo.