AMLO busca fechamento definitivo da mina norte-americana Vulcan

Apesar da oposição de Washington, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, informou que pretende fechar permanentemente a pedreira de calcário da empresa americana Vulcan Materials, em Quinta Roo, antes de terminar seu mandato em 1º de outubro.

López Obrador reconheceu que a sua administração não conseguiu chegar a acordo com a empresa sobre a mina SAC TUN (antiga Calica), perto do popular balneário de Playa del Carmen, de onde se exportava para os Estados Unidos.

“Fizemos de tudo para chegar a um acordo com os proprietários da empresa Vulcan. Eles não estão bem assessorados. cho que estão sendo prejudicados por terem advogados mexicanos muito acostumados com transações desonestas e estão pensando que podem, uma vez que não estivermos mais aqui, recuperar seus direitos, mesmo com a destruição do território em jogo”, disse o presidente em sua coletiva diária na terça-feira.

“Já existe uma paralisação, sim, mas quero que seja um fechamento definitivo, porque já causaram muitos danos”, acrescentou López Obrador.

Em maio, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse ao Comitê de Relações Exteriores do Senado que tinha alertado o México de que uma eventual expropriação do terreno da Vulcan afetaria o investimento estrangeiro direto, em meio às crescentes tensões bilaterais sobre o futuro da pedreira de calcário e do porto de águas profundas da empresa, com sede na Virgínia.

Anteriormente, o senador democrata Tim Kaine, do estado da Virgínia, disse a Blinken que o presidente López Obrador tentou em duas ocasiões se apropriar do porto de Punta Venado e das terras que possui na área, para as quais solicitou sua intervenção no caso.

A Vulcan anunciou que rejeita definitivamente a oferta de compra da mina Calica, por considerar que a proposta do governo subvaloriza substancialmente os seus ativos de calcários e o porto de Punta Venado.

AMLO disse que, caso o assunto seja levado a julgamento, “o governo do México sairá vitorioso. O governo mexicano precisa vencer a arbitragem, porque não é possível que apoiem o ecocídio cometido nessa área, especialmente depois de tanto falarem sobre combate às mudanças climáticas de forma demagógica.”

A empresa solicita uma compensação de mais de US$ 1,5 bilhão ao Centro Internacional para Resolução de Disputas sobre Investimentos do Banco Mundial. A resolução está prevista para agosto.

López Obrador esclareceu que não optarão pela via da desapropriação. “Vamos apenas aplicar a lei para que não continuem destruindo o território. É um fechamento de uma mina que destrói nosso território, ou seja, não é expropriação, apenas não poderão extrair material de Calica, isso é tudo”, comentou.

A operação da Vulcan no México está paralisada desde maio de 2022, quando López Obrador ordenou o encerramento imediato das pedreiras da empresa, alegando que sua subsidiária SAC TUN extraía e exportava ilegalmente calcário, o que a Vulcan negou, garantindo que possui as licenças para operar.