ArcelorMittal demite mais de 1.200 trabalhadores devido a greve ilegal no México

A siderúrgica ArcelorMittal informou que até o momento demitiu 1.224 trabalhadores sindicalizados no México, em consequência da greve considerada ilegal que persiste em suas instalações em Lázaro Cárdenas, no estado de Michoacán.

A greve iniciada em 24 de maio, juntamente com os bloqueios em suas instalações, levaram a empresa a deixar de produzir pelo menos 500 mil toneladas de aço, devido a um desentendimento sobre a distribuição de lucros com cerca de 3 mil funcionários da seção 271 do sindicato SNTMMSRM dos 8 mil, dos 8.000 que compõem a empresa no país.

“A empresa solicitou, perante um juiz federal do trabalho, o término do contrato coletivo de trabalho da seção 271, bem como a notificação de mais 500 demissões, totalizando 1.224 até o momento”, informou em nota.

A siderúrgica esclareceu que o sindicato foi notificado sobre a extinção do acordo coletivo de trabalho em virtude da ocupação do acesso às instalações.

Apesar disso, as ações do sindicato continuaram mesmo após um juiz especializado em assuntos trabalhistas ter ordenado, em 8 de junho, o arquivamento de dois procedimentos movidos pelo SNTMMSRM contra a ArcelorMittal Las Truchas e a ArcelorMittal México, após constatar que os trabalhadores não cumpriram os requisitos legais para convocar a greve.

“Esses atos constituem causa de força maior que permite à empresa rescindir seu acordo coletivo de trabalho e suas relações individuais de trabalho”, informou a empresa.

Além disso, a siderúrgica afirmou que um juiz federal negou ao sindicato a suspensão definitiva solicitada para interromper o processo de término do contrato coletivo de trabalho da seção 271. “Isso significa que o procedimento de término do contrato coletivo pode ser legalmente aprovado pelo juiz federal do trabalho de assuntos coletivos com sede na Cidade do México”, acrescentou.

A empresa, com sede em Luxemburgo, destacou que a rescisão de um dos contratos mais importantes do sindicato constituirá um precedente significativo em questões trabalhistas.

ArcelorMittal México desmentiu no comunicado que um juiz de distrito em assuntos trabalhistas na Cidade do México tenha rejeitado ou arquivado um recurso movido pela empresa contra a greve, afirmando que a justiça arquivou o processo de greve do sindicato porque “violou a boa fé do procedimento”.

A BNamericas tentou contatar um representante da imprensa do sindicato para obter seu posicionamento, mas não obteve resposta até o momento da publicação.

Dados da Associação de Industriais de Michoacán (Aiemac) mostram que a ArcelorMittal representa cerca de 30% da distribuição de aço no país, o que coloca em risco a operação de outros setores downstream, como a construção e produção de eletrodomésticos e veículos e, até mesmo, a indústria de bebidas carbonatadas.

A BNamericas solicitou uma atualização da Aiemac sobre produção de aço que a ArcelorMittal interrompeu, mas um de seus porta-vozes informou que esses são os últimos números disponíveis.