Argentina arrecada US$ 875 mi com leilão de espectro 5G

As operadoras argentinas Telefónica, Telecom e Claro adquiriram espectro por um valor de US$ 875 milhões no leilão da faixa de 3,5 GHz para serviços 5G.

Tanto a Claro quanto a Telecom arremataram um lote de 100 MHz com ofertas de US$ 350 milhões, enquanto a Telefónica conquistou 50 MHz por US$ 175 milhões no terceiro bloco, que foi dividido em dois e deixou 50 MHz vagos. As empresas deverão pagar pelas licenças válidas por 20 anos no prazo de 15 dias. Elas poderão fazer pagamentos parciais em pesos na cotação do dia anterior ao pagamento.

“A receita de quase US$ 900 milhões é muito importante para as metas fiscais, em termos de valorização dos bens públicos e de confiança por parte do setor privado”, afirmou o ministro da Economia, Sergio Massa, em um evento após o leilão.

O coordenador de assuntos técnicos do regulador Enacom, Diego Leiva, disse em entrevista coletiva que os 50 MHz vagos poderão ser oferecidos em um novo leilão ou concedidos à estatal Arsat, o que precisará ser aprovado pelo conselho.

“A lógica é que estes 50 MHz não sejam leiloados sozinhos, mas sim que façam parte de um novo leilão com outras faixas identificadas para o 5G”, observou Leiva.

Em 2021, a Enacom identificou as faixas de 1500 MHz (1427-1518 MHz), AWS-3 (1770-1780 MHz/2170-2200 MHz), 2300 MHz (2300-2400 MHz), 3,5 GHz (3300-3600 MHz), 26 GHz (24,25 MHz) como adequadas para 5G (-25,75 GHz) e 38 GHz (37-43,5 GHz).

Leiva acrescentou que o trabalho de limpeza de algumas faixas já começou. A Enacom ainda não definiu quando poderá ser realizado um novo leilão, uma vez que o assunto está em estudo.

O presidente da Enacom, Claudio Ambrosini, afirmou que as primeiras aplicações do 5G serão para processos industriais. “Estamos muito felizes por termos chegado até aqui”, acrescentou, referindo-se não só ao leilão do espectro, mas também à regulamentação do Wi-Fi 6.

Os três lotes tiveram preço definido de US$ 350 milhões cada.

A estatal Arsat recebeu 100 MHz de espectro na mesma faixa para cumprir um plano estratégico de conectividade federal que ainda não foi definido pelo Gabinete de Ministros e pelo Ministério da Economia, os dois acionistas da Arsat.

INVESTIMENTOS E IMPORTAÇÕES

De acordo com os requisitos do leilão, nos primeiros 12 meses, pelo menos uma estação rádio-base deverá ser ativada na cidade de Buenos Aires, nas capitais provinciais e nas cidades de Mar del Plata, Bahía Blanca e Rosário. No entanto, uma das operadoras garantiu que em 16 meses espera ter 1.000 bases ativas, segundo a Enacom.

“Cada empresa terá de investir mais de US$ 1 bilhão para a implantação territorial”, destacou Massa.

O certame prevê um regime especial de importações para facilitar o acesso a divisas e equipamentos importados. “Vamos publicar uma resolução nos próximos dias”, disse Leiva.

As empresas devem apresentar à Enacom um plano de aquisição de equipamentos para este ano e para o próximo. A ideia é aprová-los antes da mudança de governo, no dia 10 de dezembro.