As obras pendentes do megaporto peruano de Chancay

O megaporto de Chancay, localizado na zona norte de Lima e avaliado em US$ 3,5 bilhões, cuja primeira fase foi inaugurada neste mês, tem potencial para acrescentar 0,9 pontos percentuais ao PIB peruano, mas necessitará de muita infraestrutura complementar para alcançar esse marco. 

Rafael Zacnich, gerente de estudos econômicos da Câmara de Comércio de Comércio Exterior ComexPerú, afirmou que obras como centros de serviços para transportadores – tanto na cidade portuária de Callao quanto em Ancón –, junto com o bypass Chancay-Chancayllo, o par viário Serpentín de Pasamayo, o viaduto na rodovia Panamericana Norte, melhorias na avenida Néstor Gambeta–Callao e eventual construção do trecho ferroviário Lima-Barranca, serão fundamentais para aproveitar o potencial do porto.

Essas obras, no entanto, ainda estão longe de serem concretizadas.

“Há trabalhos pendentes relativos a projetos de infraestrutura para abastecer o porto de Chancay. A celeridade do caso dependerá não só da atuação do Ministério dos Transportes e Comunicações (MTC), mas também da pasta da Habitação, diante de um possível conflito entre a visão de segurança portuária e de desenvolvimento urbano, e dos prefeitos locais como os de Chancay e Huaral, que não estão avançando”, explicou Zacnich à BNamericas.

O especialista acrescentou que, dos projetos mencionados, a maioria ainda está em fase de pré-investimento. Além disso, dada a proximidade entre o porto do Callao e Chancay, é urgente reforçar a infraestrutura vial e portuária entre as duas obras.

Projeto	Capex estimado (milhões de US$)	Status
Parque Industrial de Ancón (inclui centro de serviços para transportadores)	762	A ser atribuído
Via Evitamiento Chancay-Chancayllo	120	Pré-investimento
Par Vial Serpentín de Pasamayo	175	Pré-investimento
Viaduto da Panamérica Norte	5,7	Em construção
Melhorias de Nestor Gambetta	A definir	A definir
Anteporto de Callao	100	Paralisado
Ferrovia Barranca-Lima	Mais de 5.000	Elaboração do perfil do projeto

Elaborado por BNamericas

Embora Chancay tenha um grande potencial, é importante destacar que essa contribuição extra de 0,9% ao PIB deve considerar os diversos choques que a economia peruana costuma enfrentar –  bloqueios, conflitos sociais, chuvas incomuns, entre outros –  e isso também se aplica às obras complementares.

“Se esses projetos não forem realizados, o impacto positivo pode ser reduzido. Recentemente foi publicada a tarifa da rota direta Chancay-Xangai, e há uma economia de US$ 450 a US$ 500 por contêiner em comparação com a rota Callao-Xangai [que tem diversas escalas]. Para que essa economia se traduza, é necessário que todo o caminho esteja livre e com a infraestrutura necessária. Caso contrário, o benefício vai se diluindo”, acrescentou Zacnich.