Associação chilena de armazenamento valoriza ‘profundamente’ medida de alívio para renováveis

A Associação Chilena de Energias Renováveis e Armazenamento (Acera) acolheu com satisfação uma proposta de medida do governo destinada a apoiar os geradores afetados pelo congestionamento da rede – e pediu mais ações.

A medida consta de um projeto de lei de transição energética, a ser publicado em breve, e envolve a alteração de um mecanismo de atribuição de receitas tarifárias estabelecido em uma lei de eletricidade.

Em um cenário de rápido crescimento na capacidade solar e eólica que ultrapassou a expansão da rede na última década – e em meio a excesso de oferta durante o horário solar – alguns geradores, principalmente menores, players 100% renováveis, estão sofrendo estresse financeiro decorrente de redução e dissociação de preços.

A Acera tem pressionado as autoridades por soluções rápidas, enquanto as autoridades trabalham em um pacote de medidas associadas que apoiam a transição energética do país.

Sobre a proposta do governo, que envolve a canalização da receita tarifária para geradores prejudicados, a Acera declarou que valoriza “profundamente a proposta do Executivo, que apresenta uma medida adicional às anunciadas anteriormente para equilibrar a delicada situação das empresas de geração renovável.”

“Destacamos o anúncio desta medida adicional porque, a nosso ver, reconhece as graves dificuldades que enquanto associação de armazenamento e energia renovável temos sentido no segmento dos geradores renováveis no último ano e meio, sobretudo devido ao congestionamento nas redes de transmissão, desacoplamento de preços e avaliação de preço zero de energia renovável”.

O anúncio foi feito na segunda-feira (12), quando funcionários do Ministério da Energia se reuniram com stakeholders do setor de energia local, bem como com diplomatas da Europa e do Japão, cujos investidores estão entre os afetados.

A receita tarifária é gerada a partir das diferenças nos custos marginais nos pontos finais de um trecho da linha de transmissão.

Acera indicou que a medida pode ter impacto limitado: “no entanto, e apesar de o anúncio desta medida representar um esforço positivo, também devemos destacar que, com as estimativas e informações que temos até o momento, em alguns casos de estresse geradores, esta medida representará apenas menos de 10% do desequilíbrio financeiro total.

“Portanto, é urgente não apenas implementá-lo no curto prazo, mas também continuar explorando outras medidas destinadas a corrigir as distorções de mercado que causaram os efeitos financeiros dos geradores renováveis.”

A construção de infraestrutura de armazenamento de energia é vista como uma forma de facilitar os problemas de despacho mais rapidamente do que a construção de linhas de transmissão – geralmente um processo longo e complexo.

O projeto de lei de transição energética também deve estabelecer as bases legais de um leilão planejado para 2024 de US$ 2 bilhões em sistemas de armazenamento de energia no norte do país – região de grande potencial solar –, para que a energia possa ser armazenada durante o dia e injetada em horas não solares.

O ministro da Energia, Diego Pardow, disse às partes interessadas: “O setor de energia é fundamental para alcançar a neutralidade de carbono em nosso país. E este projeto de lei, apresentado hoje a embaixadores, associações e organismos multilaterais, dá conta desse objetivo. Por isso, como governo hoje queríamos explicar e detalhar o projeto de lei para dar segurança aos investimentos atuais e futuros para o processo de descarbonização energética, promovendo ações urgentes e precisas para promover esta segunda fase da transição energética.”

Entre outras medidas, as autoridades alteraram as regras de um próximo leilão de fornecimento de energia regulado e lançaram uma temporada aberta para o desenvolvimento de infraestrutura de transmissão urgente.

“Estima-se que o consumo de energia crescerá cerca de 3% ao ano nos próximos 10 anos, aos quais devemos adicionar a geração renovável necessária para substituir as usinas a carvão que serão fechadas”, afirmou Carlos Barría, fundador e diretor da Grid & Zero Energy Consulting e ex-diretor da divisão de pesquisa e política do Ministério de Energia, no Relatório de Inteligência da BNamericas denominado As dores do crescimento energético no Chile.

Substituir a capacidade de carvão do Chile de cerca de 5 GW exigirá, sozinho, cerca de 15 GW de novas fontes renováveis e capacidade de armazenamento. Por meio de um pacto público-privado, o setor trabalha para aposentar sua frota até 2040, no máximo.