Até onde o Banco Central pode elevar a taxa Selic?

O Banco Central deve aumentar a taxa básica outra vez na quarta-feira (3), provavelmente aproximando-a do limite considerado suficiente para combater a inflação.

“Espero que o Copom eleve a taxa Selic em mais 50 pontos-base, levando-a para 13,75%, ainda mais em território restritivo. Espero que o Copom ofereça orientação dependente de dados em aberto, deixando a porta aberta para outra alta em setembro, de magnitude idêntica ou menor, mas com espaço para aumentos adicionais, possivelmente estabelecidos em uma marca mais alta”, disse Alberto Ramos (foto), economista-chefe da América Latina do Goldman Sachs, à BNamericas.

No início da pandemia, o Banco Central baixou a taxa Selic para um recorde de 2%, mas iniciou altas agressivas a partir de março de 2021, à medida que a inflação subia.

O IPCA registrou 11,4% nos 12 meses encerrados em meados de julho, valor mais recente disponível, enquanto o Banco Central tem meta de 3,5% este ano. No entanto, a inflação vem caindo um pouco com a redução dos impostos sobre combustíveis, entre outras medidas, levando à queda dos preços na bomba.

Mas é incerto se essas medidas são suficientes para controlar a inflação no longo prazo.

“Provavelmente, a inflação [será controlada], mas o núcleo da inflação ainda está acelerando. A recente redução dos impostos sobre os combustíveis ajudará a taxa de inflação anual a moderar ainda mais em julho e agosto, mas as pressões inflacionárias do núcleo e de serviços ainda são muito intensas e as pressões inflacionárias são, agora, altamente generalizadas, tornando a inflação mais inercial”, disse Ramos.

Embora a economia tenha sido resiliente até agora, osefeitos são esperados em breve.

“Dadas as habituais defasagens de transmissão da política monetária e condições financeiras mais apertadas, o impacto da alta da Selic sobre a atividade real deve se tornar mais visível no segundo semestre do ano e no primeiro semestre de 2023”, de acordo com Ramos.