Banco Central mexicano mantém política monetária restritiva com taxa em 11%

O Banco Central do México manteve a taxa de juro de referência em 11% em uma decisão unânime na quinta-feira, indicando que os choques inflacionários levarão mais tempo para dissipar. Por esse motivo, ele destacou em sua decisão que a orientação monetária continua restritiva.

Em abril, a inflação acelerou mais do que o previsto pelo mercado, atingindo 4,65%, conforme informado no mesmo dia pelo Instituto Nacional de Estatística e Geografia (Inegi). Isso reforça a expectativa de que a autoridade monetária não altere a taxa básica de juros.

“O processo de desinflação desacelerou ainda mais em abril, tornando mais lento o processo de convergência inflacionária. A resistência inflacionária envia sinais de cautela na gestão do relaxamento monetário”, alertou  Alfredo Coutiño, diretor para a América Latina da Moody's Analytics, em sua conta na rede social X.

Por outro lado, a diretora de estudos econômicos do Banco Base, Gabriela Siller, também destacou na X que, devido à aceleração da inflação anual em abril, há uma maior possibilidade de a inflação anual ultrapasse 5% em junho e julho.

O conselho de administração do Banco Central antecipa, no comunicado sobre sua decisão, que o processo de desinflação continuará, embora tenha ajustado para cima as previsões de inflação geral e subjacente para os próximos seis trimestres, considerando a perspectiva de que os choques inflacionários levarão mais tempo para se dissipar.

Agora, o banco prevê que a inflação geral convergirá para a meta de 3% apenas no quarto trimestre de 2025.

Após o anúncio, Coutiño destacou que nos cinco trimestres em que “a taxa de juro se manteve em seu máximo, a inflação não convergiu para a meta”.

“Se for considerado verdadeiro que os efeitos da política monetária duram entre seis e oito trimestres, então porque a convergência inflacionária demorará agora três anos?”

Considerando a postura firme do Banco Central em seu comunicado e os comentários dos membros do conselho, os economistas do Citibanamex projetam, em um relatório, que o Banco Central agirá cautela e gradualidade.

“Na medida em que as perspectivas de inflação continuem melhorando, o conselho terá espaço para fazer cortes contínuos a partir de junho e, até mesmo, acelerar o ritmo para 50 pontos base nas decisões de novembro e dezembro. Portanto, projetamos a taxa de política monetária para o final de 2024 em 9,25%, ainda significativamente restritiva”, disse o Citibanamex.