BNDES e Vale se unem para catalisar investimentos em projetos nacionais de minerais críticos

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Vale iniciaram um processo para a criação de um fundo de investimento, com recursos de até R$ 1 bilhão (US$ 193 milhões), para apoiar projetos nacionais de produção de minerais críticos.

O Banco e a mineradora lançaram um edital para selecionar um fundo de investimento responsável por gerir os recursos, com previsão de conclusão em outubro de 2024. Após essa etapa, será iniciada a seleção dos ativos que receberão os investimentos.

A Vale e o BNDES, por meio de seu braço de capital BNDESPar, subscreverão cotas no valor mínimo de R$ 100 milhões e máximo de R$ 250 milhões cada, observado o percentual máximo de 25% de participação para cada uma no capital comprometido total do Fundo. Ele será aberto a investidores terceiros e o objetivo é arrecadar até R$ 1 bilhão, que serão aplicados em pesquisa, desenvolvimento, implantação ou operação de projetos de produção de minerais e metais necessários à transição energética e à descarbonização, bem como fertilizantes.

“A iniciativa permitirá que BNDESPAR e Vale atuem como catalisador de investimentos, alavancando investimentos privados e fortalecendo o mercado de capitais nacional, enquanto incentiva a produção de insumos fundamentais para a Transição Energética, Descarbonização e a Segurança Alimentar”, afirmou o BNDES em um comunicado.

A iniciativa recebeu elogios por parte dos stakeholders.

“O Brasil tem uma falta significativa de opções de financiamento para projetos associados à transição energética, que geralmente são executados por mineradoras juniores. Este fundo é um passo na direção certa”, disse à BNamericas Wilfred Bruijn, consultor de mineração e CEO da Anglo American em Brasil até o final de 2023

As companhias alvo do fundo a ser selecionado são as detentoras de títulos minerários ou de direitos sobre recursos minerais, direta ou indiretamente, para mineração de cobalto, cobre, estanho, grafite, lítio, manganês, metais do grupo da platina (pgms), molibdênio, nióbio, níquel, silício, tântalo, terras raras, titânio, tungstênio, urânio, vanádio, zinco, fosfato, potássio ou outros minerais para promoção de fertilidade de solo, segundo o BNDES.

São elegíveis as companhias com sede e operações no Brasil, ou entidades com sede no exterior que detenham, no momento do primeiro investimento do fundo, ativos no Brasil que correspondam a 90% ou mais, e receita operacional bruta anual de até R$ 300 milhões, acrescentou.

Apesar dos esforços do governo para expandir a atividade mineradora nacional em minerais críticos, o Brasil enfrenta desafios significativos para se tornar um importante produtor desses recursos.

“Temos visto uma grande entrada de novas empresas no setor de mineração brasileiro, principalmente nos segmentos críticos de mineração, mas, apesar disso, acho difícil para o Brasil ser um player global poderoso para essas commodities, especialmente devido ao fato de precisarmos considerar que grande parte das reservas atuais de minerais críticos está nas mãos da China, seja através de ativos dentro da China ou mesmo daqueles adquiridos pelo país asiático em todo o continente africano nos últimos anos”, concluiu Bruijn.