Boliviana YLB abre processo por problemas de construção em planta de lítio

A estatal boliviana de lítio YLB apresentou queixa criminal contra 10 ex-diretores da empresa e uma empreiteira por problemas com 18 piscinas de evaporação necessárias para a produção de cloreto de potássio e carbonato de lítio no complexo industrial de Uyuni – infraestrutura inaugurada em dezembro passado.

O recurso judicial detalha contratos lesivos ao Estado, violação de deveres, conduta antieconômica e outras infrações, indicou Karla Calderón, CEO da YLB, em conferência de imprensa.

Espera-se que a planta atinja uma capacidade máxima de 15 mil t/ano de carbonato de lítio para baterias em 2025.

Uma auditoria interna detectou “graves irregularidades, omissões e supostos atos de corrupção” no período entre 2013 e 2017, segundo Calderón.

A executiva observou ainda que o prejuízo econômico para a empresa seria de 425 milhões de bolivianos (US$ 61 mi). Desse montante, 212 milhões de bolivianos corresponderiam ao descumprimento das especificações contratuais e o restante aos lucros cessantes causados.

Entre outras deficiências, a auditoria detectou contratos irregulares de construção, impermeabilização e comissionamento de piscinas industriais no período, além de descumprimento de especificações técnicas na aquisição de geomembranas, deterioração durante sua instalação e utilização indevida de 18 piscinas de produção industrial de sais, atualmente inoperantes.

Calderón cita como exemplo que a espessura das geomembranas de PVC utilizadas para impermeabilização deveria ser de 0,75 mm, mas foi utilizado 0,50 mm. A ausência de sistemas de bombeamento para o processo de impermeabilização deixou as piscinas sem água, o que causou danos e atrasos na produção de salmoura, insumo crítico para a planta de carbonato de lítio.

“Assim como era nossa obrigação iniciar uma fábrica que herdamos em péssimas condições de projeto, nossa obrigação e compromisso hoje é denunciar que supostos crimes foram cometidos contra uma empresa que é propriedade de todos os bolivianos”, disse Calderón, acrescentando que “é um dano irreparável ao povo boliviano devido ao atraso do projeto estratégico de lítio”.

Ela também comentou que a YLB está realizando as respectivas análises para recuperar o tempo perdido e atingir a capacidade máxima de processamento no complexo.

Localizado no município de Colcha K, na zona sul do salar de Uyuni, o complexo industrial deverá produzir este ano 3 mil toneladas de carbonato de lítio.