Bolsonaro busca crescimento intensificando programas sociais

O governo de Jair Bolsonaro está considerando intensificar os programas sociais existentes, em uma tentativa de diminuir a diferença nas pesquisas eleitorais para o atual favorito, Luiz Inácio Lula da Silva.

O presidente quer aumentar os pagamentos mensais para famílias de baixa renda sob o programa de assistência social Auxílio Brasil, passando dos atuais R$ 400 (US$ 77) para R$ 600, disse um funcionário do governo à BNamericas sob condição de anonimato, confirmando apurações da mídia.

O Auxílio Brasil está em vigor desde agosto de 2021 como parte dos esforços do governo para mitigar os efeitos econômicos da pandemia. Em maio, o governo tornou permanente o programa temporário. O Auxílio Brasil substituiu o programa social Bolsa Família, criado pelo governo Lula em 2004.

O governo também está considerando pagar um bônus mensal temporário aos caminhoneiros, para compensar o aumento nos preços do diesel.

Estas mudanças devem ser anunciadas oficialmente nas próximas semanas, e Bolsonaro espera que elas melhorem suas chances de obter votos importantes dos setores de baixa renda da sociedade, os quais fornecem a maior parte do apoio de Lula.

“Há um efeito político positivo para o presidente em exercício, pois o Auxílio Brasil vai para uma parcela da sociedade muito sensível às variações de renda, mas é importante lembrar que, segundo pesquisas eleitorais, 80% das intenções de voto já estão consolidadas, o que significa que há pouco espaço para ganhos”, afirmou à BNamericas Alex Agostini, economista-chefe da agência de classificação local Austin Rating.

De acordo com pesquisa divulgada esta semana pelo Datafolha, Lula tem 47% de apoio, apenas ligeiramente abaixo dos 48% registrados na pesquisa anterior em maio, enquanto Bolsonaro está com 28%, acima dos 27%.

A grande e persistente liderança de Lula está fazendo soar o alarme na equipe de Bolsonaro, já que o ex-presidente pode até obter apoio suficiente para conquistar a presidência já no primeiro turno.

INFLAÇÃO

Os números da inflação minaram as chances de Bolsonaro, com os preços subindo 12,04% nos 12 meses até meados de junho, segundo o IBGE, bem acima da meta do Banco Central (BC) de 3,5% para o ano.

Com o aumento dos programas sociais, os gastos do governo continuarão pressionados, obrigando o BC a manter sua taxa básica – atualmente em 13,25% ao ano – em patamar elevado por algum tempo.

“Estas medidas populistas têm impacto direto no lado fiscal e vão prolongar o período de juros altos. Eu esperava que a Selic começasse a ser reduzida no início de 2023, mas agora só vejo espaço para cortes de juros no final do primeiro semestre do próximo ano”, concluiu Agostini.