Brasil de olho no gás do cluster de Urucu para garantir fornecimento de energia no Norte

O Ministério de Minas e Energia (MME) do Brasil está consultando a Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP) e a Petrobras sobre possíveis ações para manter a produção de gás e minimizar a produção de hidrocarbonetos líquidos no cluster de Urucu, localizado no estado do Amazonas, disse uma fonte familiarizada com o assunto à BNamericas.

A preocupação do governo é atender à excepcional demanda termelétrica na região Norte, em meio à seca que atinge a região.

A falta de chuvas forçou a interrupção das operações da quarta maior hidrelétrica do Brasil, Santo Antônio, no estado de Rondônia, e a ativação das usinas a diesel e gás – Termonorte I e Termonorte II – para garantir o fornecimento de energia nos estados de Rondônia e Acre.

Santo Antônio retomou a geração na semana passada, mas a situação hidrológica no Norte continua delicada, principalmente nos reservatórios de Balbina (Amazonas) e Tucuruí (Tocantins), onde os níveis de água estão em 46% e 45%, respectivamente.

Localizada no município de Coari, Urucu compreende os campos Arara Azul, Araracanga, Carapanaúba, Cupiúba, Rio Urucu, Sudoeste de Urucu e Leste do Urucu.

Juntos, esses ativos produziram 87.860 boe/d (barris de óleo equivalente por dia) em agosto, incluindo 10.393 b/d (barris por dia) de petróleo e 12,3 MMm³/d (milhões de metros cúbicos por dia) de gás natural, segundo os últimos dados da ANP.

A Petrobras pretendia vender Urucu, mas a empresa federal decidiu encerrar o processo de desinvestimento em setembro.

Procurada pela BNamericas, a Petrobras informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que toda a demanda de gás natural solicitada à Petrobras na região Norte foi integralmente atendida e que seus ativos de produção, bem como a capacidade de transporte de gás natural do gasoduto Urucu-Manaus, contratado pela Petrobras junto à Transportadora Associada de Gás (TAG), está totalmente disponível.

A assessoria de imprensa do MME informou que as operações logísticas de abastecimento de combustíveis na região Norte não foram afetadas até o momento pela escassez e que o governo trabalha para melhorar as condições de navegabilidade em trechos de hidrovias da região.

Participam do grupo de trabalho emergencial a ANP, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a Petrobras, a Transpetro, o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás), as distribuidoras de GLP Fogás e AmazonGás, o grupo Atem, a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) e a Brasilcom, que representa as distribuidoras de combustíveis.

Além dessas instituições, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), os ministérios dos Portos e Aeroportos e dos Transportes, a Marinha Brasileira e o governo do estado do Amazonas também estão envolvidos.