Brasil e Chile devem liderar mercado de títulos verdes na América Latina

Brasil e Chile devem ser os líderes do mercado de títulos verdes da América Latina nos próximos anos, de acordo com um especialista.

“O Chile vem se destacando há alguns anos como um dos líderes regionais na emissão de títulos verdes, pois o governo do país tem um papel fundamental emitindo esse tipo de título. No Brasil, o volume de emissões de títulos verdes já é grande devido ao tamanho de seu mercado de dívida, que é o maior da região”, disse Leisa Cardoso de Souza, diretora da Climate Bonds Initiative (CBI) para a América Latina, à BNamericas.

Em 2021, o volume de títulos verdes vendidos em todo o mundo totalizou US$ 517 bilhões, o maior desde a estreia dessa classe de ativos, marcando o 10º ano consecutivo de expansão do mercado verde.

“Ainda não temos os dados atualizados das emissões da América Latina em todo o ano de 2021, mas, em termos históricos gerais, a região representa cerca de 3% do volume total de emissões do mundo”, apontou Souza.

As vendas de títulos verdes da América Latina totalizaram US$ 30,2 bilhões nos 12 meses até junho de 2021, o valor mais recente disponibilizado pela CBI. Do total, US$ 10,3 bilhões vieram do Brasil, US$ 9,5 bilhões foram emitidos no Chile e US$ 4 bilhões vieram do México.

Segundo Souza, o governo chileno está promovendo títulos verdes soberanos para gerar interesse entre empresas privadas na emissão de títulos verdes.

No Brasil, o maior volume de emissões veio de empresas dos setores de infraestrutura e agricultura.

Junto com um apelo crescente entre os investidores globais, os bancos estão cada vez mais empenhados em ajudar as empresas a vender títulos verdes. “Os bancos também estão desenvolvendo técnicas mais sofisticadas para avaliar quais empresas e projetos são elegíveis para emitir títulos verdes”, segundo Souza.

A CBI é uma organização sem fins lucrativos focada na mobilização dos mercados de títulos para promover o investimento em projetos e ativos necessários para fazer a transição para uma economia de baixo carbono. Entre seus financiadores estão a Secretaria de Estado para Assuntos Econômicos da Suíça, o Bank of America e a Fundação Rockefeller. A lista de atuais parceiros da entidade inclui Deutsche Bank, Nasdaq, BlackRock, S&P Global, HSBC e Barclays.