Brasil é considerado um dos players de hidrogênio verde mais competitivos

O Brasil já está entre os países mais competitivos na produção de hidrogênio verde, segundo Camila Ramos (foto), CEO da consultoria Clean Energy Latin America (CELA).

“Os principais motivos são a disponibilidade, em volume, e a competitividade das nossas fontes de energia renováveis, que representam grande parte do custo do hidrogênio verde”, disse ela à BNamericas.

Outras vantagens incluem o potencial do mercado interno para o consumo de hidrogênio verde em segmentos como fertilizantes, aviação e siderurgia, além da presença de zonas de processamento de exportação (ZPEs) que oferecem incentivos fiscais.

Em estudo lançado recentemente, a CELA concluiu que o Brasil é capaz de produzir hidrogênio verde a um custo nivelado entre US$ 2,87/kg e US$ 3,56/kg em alguns locais estratégicos.

Com otimizações e incentivos – especialmente fiscais e regulatórios – o custo poderá chegar a US$ 1,69/kg, o que é altamente competitivo com o hidrogênio cinza, produzido por combustíveis fósseis e fontes poluentes.

Os cálculos foram feitos por meio de uma nova ferramenta de índice criada pelo CELA que será atualizada semestralmente, considerando seis estados brasileiros não especificados.

O índice leva em consideração as características únicas do Brasil em termos de tributação, recursos renováveis, como energia solar e eólica, que alimentam a eletrólise para separar o hidrogênio do oxigênio na água, além de logística, incluindo referência cruzada de dados de investimento, operação e custos de capital da planta.

Diversas empresas assinaram memorandos de entendimento para o desenvolvimento de hidrogênio verde com os portos de Pecém, no Ceará, Suape (Pernambuco) e Açu (Rio de Janeiro), bem como com o governo do Rio Grande do Sul.

Neste último estado, a Nova Engevix pretende dedicar parte de sua área no porto de Rio Grande à produção de ureia verde.

Já na Bahia, o produtor de fertilizantes nitrogenados Unigel anunciou em janeiro um investimento de US$ 1,5 bilhões em uma planta de hidrogênio verde.

Ramos explicou que a escolha do melhor local para um empreendimento, levando em consideração o mercado consumidor e as condições técnicas e regulatórias do estado, é fundamental, “fazendo toda a diferença para a viabilidade financeira do empreendimento”.

Ela acredita que os primeiros projetos terão uma decisão final de investimento no próximo ano.

“Precisamos de um marco regulatório e também será muito importante ter incentivos, como qualquer nova indústria”, concluiu.