Brasil vai lançar plano ferroviário nacional

O governo brasileiro deve anunciar em breve um importante plano nacional para expandir os investimentos em projetos de ferrovias de carga.

O plano deverá ser lançado em dois meses e envolverá uma combinação de investimentos dos setores público e privado, afirmou Renan Filho, ministro dos Transportes, a repórteres na última quinta-feira (11).

O governo planeia injetar R$ 20 bilhões (US$ 4 bilhões) nesses projetos.

Os investimentos planejados fazem parte de uma negociação em curso relacionada aos contratos de concessão que o governo mantém com três empresas, a gigante da mineração Vale e as empresas de logística Rumo e MRS.

Durante a gestão de Jair Bolsonaro (2019-2022) essas empresas negociaram a renovação antecipada dos contratos de concessões ferroviárias, concordando em adiantar parte dos investimentos necessários.

Porém, o atual governo considera os valores dos contratos acordados pelo governo Bolsonaro muito baixos e entrou em negociação com as empresas. O processo se encontra em uma fase avançada, segundo o ministro.

Apesar da intenção do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de aumentar os investimentos na área de logística, os investimentos ferroviários têm demorado a ganhar força.

Em 2023, o governo investiu R$ 13,7 bilhões em infraestrutura logística, segmento que abrange rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. Cerca de R$ 12,8 bilhões foram para rodovias, enquanto as ferrovias receberam apenas R$ 160 milhões, segundo a empresa estatal de logística Infra S.A.

POSSÍVEIS PROJETOS 

O plano do governo é utilizar os recursos adicionais das renegociações para investir na fase inicial dos projetos ferroviários e, depois disso, estruturar concessões e PPPs para atrair investidores privados para os projetos.

O Ministério dos Transportes disse que o governo ainda está avaliando quais projetos serão incluídos no plano.

Segundo Vicente Abate, presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), existem vários projetos em desenvolvimento com possibilidade de inclusão no plano, como a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico), no estado de Mato Grosso, e a Ferrovia de Integração Oeste-Leste, conhecida como Fiol, apontou ele à BNamericas.

A Fiol é dividida em três trechos e, com 1.527 km, ligará Ilhéus, na Bahia, a Barreiras, no Tocantins. O primeiro trecho está em construção pela mineradora Bamin, enquanto o segundo é um projeto executado pela Infra S.A., que registra 75% de conclusão.

Abate acredita que o terceiro trecho fará parte do novo impulso ferroviário do governo. “Na minha opinião, a Fiol 3, originalmente prevista para chegar a Figueirópolis, na Ferrovia Norte-Sul, deveria ligar Barreiras diretamente a Mara Rosa, completando o sistema Fico/Fiol”, concluiu.