Brasileira Infracommerce suspende planos de M&A e ofertas subsequentes

A Infracommerce, brasileira considerada a maior plataforma de e-commerce white-label da América Latina, está suspendendo novas operações de M&A, inclusive uma para a qual a due diligence está praticamente concluída, disse à BNamericas o vice-presidente de relações com os investidores da empresa, Fábio Bortolotti (foto).

A empresa também está suspendendo a oferta subsequente de ações planejada para este ano. Em maio passado, a Infracommerce captou R$ 870 milhões (US$ 172 milhões na cotação atual) em um IPO na B3, e a expectativa era fazer uma oferta subsequente em até 18 meses.

As principais causas para a mudança de planos são a piora do cenário de investimentos para as empresas de tecnologia e as altas taxas de juros no Brasil, que dificultam o financiamento de novas aquisições por parte da empresa, segundo Bortolotti.

Na semana passada, o Banco Central do Brasil elevou a taxa básica Selic para 12,75%, mais uma vez o maior índice em cinco anos.

“Não estamos contando com o follow-on para os próximos dois anos, nem com as fusões e aquisições que planejamos manter por pelo menos 12 meses”, declarou Bortolotti.

No ano passado, o grupo concluiu cinco fusões e aquisições. A maior foi em setembro, quando comprou a rival Synapcom por R$ 1,2 bilhão, um dos maiores negócios locais do segmento.

A Synapcom aumentou a base de clientes regionais da Infracommerce e a presença em sete mercados.

O acordo de M&A mais recente da empresa foi a aquisição, em janeiro, da Tevec, companhia especializada em soluções de inteligência artificial, para complementar sua vertical de BI para comércio eletrônico Infradata.

Agora, a empresa pretende se concentrar em maximizar as sinergias das compras já realizadas e trabalhar para aumentar os ganhos de produtividade e eficiência, preservando o caixa, de acordo com Bortolotti.

Nas últimas semanas, as ações da empresa, assim como de outras do setor de e-commerce, como Locaweb e Vtex, sofreram fortes quedas, embora tenham se recuperado um pouco nos últimos dias.

O clima sombrio do mercado reflete o ceticismo global dos investidores em relação às empresas de tecnologia, embora também tenha suas peculiaridades domésticas.

Bortolotti nega com veemência as alegações de que a Infracommerce vem enfrentando sérios problemas de caixa ou que estaria à venda. 

De acordo com o executivo, os resultados do último trimestre mostram que as operações continuam financeiramente sustentáveis e que a demanda por e-commerce segue forte.

A Infracommerce registrou na quinta-feira (12) receita líquida de R$ 195 milhões, um aumento de 167% ano a ano. No entanto, registrou perda de R$ 59,6 milhões em comparação com lucro de R$ 3,9 milhões.

Seu volume bruto de mercadorias (GMV) cresceu 105%, para R$ 2,8 bilhões, e 31,8 milhões de pedidos de clientes foram processados – 48,4% deles entregues em 48 horas.

Nos demais países da América Latina em que a Infracommerce atua, o crescimento da receita foi de 230%, segundo a empresa, embora isso se deva em parte à baixa base de comparação. A região, excluindo o Brasil, representou 19% da receita.

A empresa também informou que encerrou março com 572 clientes, em comparação com 239 há um ano, com 55 novos adquiridos no trimestre (sem contar os que vieram com a aquisição da Tevec).

Bortolotti também afirmou que a Infracommerce está mantendo o guidance de GMV definido anteriormente para este ano, de R$ 13 bilhões, e de R$ 950 milhões em receita líquida.