Câmara colombiana de petróleo espera mudança ‘ordenada’ no setor de energia

Um plano para encerrar a nova atividade de exploração na Colômbia pode levar a choques macroeconômicos e comprometer a segurança energética do país, segundo a Câmara Colombiana de Bens e Serviços de Petróleo, Gás y Energia (Campetrol).

O presidente eleito Gustavo Petro, que se tornará o primeiro líder de esquerda da Colômbia quando tomar posse, em 7 de agosto, prometeu parar de emitir licenças para exploração de combustíveis fósseis como parte de uma reforma econômica que prioriza investimentos em agricultura, manufatura e energia renovável.

Mas a Campetrol, que representa mais de 140 empresas no segmento de bens e serviços petrolíferos da Colômbia, pediu um processo de “diversificação ordenada” que não exclua os hidrocarbonetos.

“Os hidrocarbonetos afetam diretamente 37 dos 61 ramos de atividade do PIB”, disse o presidente da Campetrol, Nelson Castañeda, à BNamericas. “Ter uma produção nacional sustentada de petróleo bruto e gás mitiga o custo dos serviços públicos e, portanto, o custo de vida.”

Castañeda acrescentou que “não deve ser ignorada a possível perda de divisas devido à redução das exportações de petróleo bruto e seus derivados. Em 2021, eles representaram cerca de US$ 13,5 bilhões. Este choque pode significar preços de energia mais altos, aumento da inflação, da dívida externa e da taxa de câmbio, além de uma perda do rating de investimento do país.”

Atualmente, o petróleo bruto representa cerca de 42% do total das exportações da Colômbia, enquanto o carvão – que Petro também prometeu eliminar gradualmente – representa 14%.

Um relatório publicado no mês passado pela empresa de serviços financeiros Corficolombiana alertou que uma decisão de interromper a exploração de petróleo e gás levaria o peso a perder até 44% de seu valor em relação ao dólar americano até 2027. Tal cenário faria a taxa de câmbio cair, de cerca de 3,9 mil pesos por dólar, na cotação atual, para 7 mil.

Enquanto isso, o déficit comercial aumentaria de 15% a 39% em meio à maior demanda por importações, acrescentou a Corficolombiana.

Em outro relatório, a Associação Colombiana de Petróleo (ACP) previu que a Colômbia perderia sua independência energética dentro de cinco anos sob a proibição de exploração de Petro.

Segundo Castañeda, a indústria mantém a esperança de que a exploração de petróleo e gás possa continuar, apesar das promessas de campanha de Petro.

“Confiamos que as instituições do país protegerão os direitos adquiridos pelas empresas do nosso setor e promoverão o seu desenvolvimento integral”, disse. “Da mesma forma, estamos convencidos de que o próximo governo tomará as melhores decisões para alcançar o desenvolvimento regional sustentável, garantir a segurança energética e melhorar o crescimento econômico, para o qual nosso setor é uma pedra angular”.

A entrevista completa com Castañeda será publicada nos próximos dias.