Câmara mexicana de construção pretende transformar Conagua em ministério

A Câmara Mexicana da Indústria de Construção (CMIC) propôs transformar a Comissão Nacional de Águas, Conagua, em um ministério para que ela possa obter acesso a maiores financiamentos para enfrentar a escassez de água que ocorre em muitas regiões do país.

A disponibilidade de água será essencial para lidar com desafios como a tendência de nearshoring nos estados do centro e do norte, afirmou o presidente da CMIC, Luis Méndez Jaled, em uma coletiva de imprensa nesta terça-feira (16).

“Os estados e regiões que atraem mais investimentos enfrentam atualmente níveis mais elevados de estresse hídrico, como é o caso de alguns estados das regiões norte e de Bajío, com clusters automotivos, aeroespaciais, de logística e de equipamentos médicos”, disse ele. “Essas regiões ocupam quase 80% do território e 77% da população nacional. Oitenta por cento do PIB é gerado lá e apenas 33% da água que possuem é renovável.”

De acordo com a Câmara de Construção, elevar a Conagua a um ministério, a partir do seu atual status de agência administrativa descentralizada, proporcionaria um melhor arcabouço legal à instituição.

“A Conagua é uma grande entidade, porém, requer mais capacidades e melhores instrumentos para alinhar as políticas nos três níveis de governo, estabelecendo claramente responsabilidades regulatórias, operativas, de controle e supervisão”, afirmou Méndez.

Com essa mudança, a CMIC também propõe que o investimento nacional em infraestrutura hídrica seja dobrado, passando dos 45 bilhões de pesos (US$ 2,7 bilhões), atribuídos em 2024, para 90 bilhões de pesos por ano durante os próximos 10 anos, com foco em projetos nos estados com os maiores níveis de estresse hídrico.

Os números fornecidos pela câmara sugerem que quase 6 milhões de mexicanos não têm acesso a água potável e 11 milhões não são atendidos por redes de esgotos. Além disso, 157 aquíferos dos 653 registrados no país estão superexplorados e 60% dos corpos d'água do país sofrem algum grau de poluição.

“Mais de 40% da água é perdida devido a vazamentos nos sistemas de distribuição. E entre 40% e 60% da água utilizada na agricultura é perdida. Quase 58% dos reservatórios do país estão com menos de 50% da capacidade […] e 70% do território nacional está sofrendo estresse hídrico”, disse Méndez.