Candidato à presidência da Argentina, Milei eliminaria obras públicas

O candidato presidencial libertário da Argentina, Javier Milei, provavelmente cortaria o papel do Estado em todos os setores da economia, incluindo distribuição de energia, operação de estradas e serviços de água, entregando esses serviços ao setor privado.

“Em princípio, nem estamos considerando parcerias público-privadas”, disse à BNamericas a economista Diana Mondino, que está concorrendo a deputada federal pelo partido LLA (Freedom Advances) de Milei, durante um webinar.

“Por que o novo gasoduto é público? O antigo gasoduto é privado.”

Mondingo, que também é uma conselheira econômica sênior do candidato presidencial do terceiro partido e autodenominada “anarcocapitalista”, criticou o fato de que o atual sistema de obras públicas financiado pelos contribuintes não dá aos moradores uma palavra sobre quais projetos devem ser priorizados.

“Deixe as pessoas pagarem por seu próprio esgoto; deixe as pessoas pagarem por suas próprias estradas”, disse ela durante um webinar organizado pelo Wilson Center para discutir as políticas de Milei.

O candidato libertário já havia declarado que buscaria um sistema de concessões de infraestrutura semelhante ao do Chile, mas Mondino afirmou que o objetivo real é tirar o setor público da infraestrutura, distribuição de energia e serviços de água. Ela acrescentou que isso teria o benefício adicional de limitar a corrupção.

O setor de infraestrutura da Argentina foi abalado por escândalos de corrupção nos últimos anos, incluindo a investigação de propinas da Odebrecht e o chamado escândalo Cuadernos envolvendo a ex-presidente e atual vice-presidente Cristina Kirchner, que também afastou investidores de projetos em andamento.

Milei saltou para a cena política em 2021 e ganhou força com jovens eleitores insatisfeitos em busca de um candidato anti-sistema que seu partido, LLA, rapidamente tornou a terceira força política do país. Mas suas posições extremas – como propor o desenvolvimento de um mercado de comércio de órgãos humanos – e um recente escândalo sobre a suposta venda de vagas para candidatos ao Congresso do LLA por até US$ 100 mil mancharam sua imagem e seus números nas pesquisas.

A eleição geral será realizada em 22 de outubro, enquanto um eventual segundo turno ocorrerá em 19 de novembro.

Para obter mais contexto e análise sobre as próximas eleições na Argentina, leia nosso mais recente Relatório de Risco Político