Chilena CAP aposta no hidrogênio verde para produzir aço carbono neutro

A CAP, maior siderúrgica do Chile, desenvolverá uma usina-piloto de hidrogênio verde para descarbonizar sua produção de aço na unidade de Huachipato, na cidade de Talcahuano.

O objetivo da empresa é substituir o carvão coque nos altos-fornos e abastecer a planta de redução direta com combustíveis menos poluentes.

A Compañía Siderúrgica Huachipato, divisão siderúrgica da CAP, está realizando testes operacionais como parte do projeto H2V CAP. Os testes usam eletrolisadores de 12 MW que podem ser expandidos para 17,5 MW, disse a gerente de infraestrutura Patricia López no evento Fichtner Forum Hydrogen Chile 2023, realizado na última terça-feira (21).

A planta planeja produzir 1.550 t de hidrogênio verde com o objetivo de consolidar uma linha de produção de aço verde até 2030.

A agência estatal de fomento Corfo fez um aporte de US$ 3,6 milhões, enquanto a CAP prepara as informações técnicas para apresentá-lo ao Serviço de Avaliação Ambiental (SEA).

López afirmou que o piloto se estenderá até 2025 para começar a operar em 2027, com a produção de 25.000 t/ano de ferro esponja ou briquetes de ferro a quente, matéria-prima fundamental para as siderúrgicas.

Posteriormente, será analisado o modelo de negócios até 2029, que “consistirá em avaliar quanto os clientes atuais e futuros estão dispostos a pagar por essa mineração de aço verde”, acrescentou a executiva.

Em 2030, a empresa pretende iniciar a produção de 200.000-300.000 t/ano de aço verde.

O H2V CAP é fundamental para a estratégia de negócios sustentáveis da empresa, considerando as dificuldades vividas no ano passado. Embora a planta de Huachipato tenha uma capacidade de 800.000 t/ano, atualmente ela está produzindo cerca de 300.000 t, lembrou López.

O balanço de 2022 foi afetado por pressões inflacionárias nos custos operacionais, uma paralisação temporária não programada do alto-forno nº 2 e a menor atividade no setor de construção, de acordo com o relatório anual da CAP.

No ano passado, a CAP e o grupo alemão SMS assinaram um acordo para implementar soluções digitais para otimizar os fluxos de gás na planta, reduzir o consumo de gás natural e rastrear as emissões de carbono.

López comentou que a promoção de energia renovável e tecnologias de baixa emissão a custos mais competitivos requer um trabalho colaborativo entre governo, indústria e academia. “Esse objetivo só será possível com intensas mudanças tecnológicas, financeiras e até culturais”, concluiu.