Chile é pressionado a acelerar modernização portuária

As autoridades chilenas estão sendo pressionadas a modernizar rapidamente a infraestrutura portuária, dada a crescente concorrência na América Latina e o aumento dos volumes de comércio esperados com a rodovia Bioceânica.

 “Os nossos portos não conseguem receber navios com mais de 14.000 contêineres. O Peru em breve terá dois”, disse o ex-presidente Eduardo Frei durante o seminário InfraChile 2024.

A política portuária do Chile tem sido cada vez mais criticada, pois projetos-chave avançam lentamente, enquanto o Peru acaba de inaugurar o primeiro terminal do megaporto de Chancay, reacendendo preocupações sobre a perda de competitividade no setor.

O Ministério dos Transportes está trabalhando para criar uma nova autoridade de logística portuária para coordenar os planos de modernização dos portos no setor público e privado, afirmou o ministro Juan Carlos Muñoz durante o evento promovido pelo conselho de políticas de infraestrutura (CPI) e pela organização de eficiência logística Conecta Logística.

A empresa portuária estatal Empresa Portuaria Valparaíso (EPV) planeja oferecer uma única concessão de US$ 800 milhões para operar todo o porto de Valparaíso, em vez de oferecer contratos separados para cada terminal. A concessão abrangeria o terminal atual, a ampliação de seus três pontos de atracação, um segundo terminal, um novo píer exclusivo para cruzeiros e uma área de estocagem na praia de San Mateo.

O presidente da EPV, Luis Eduardo Escobar, disse à BNamericas que a empresa iniciou um processo de consulta das regras de licitação com o tribunal de concorrência no mês passado. Ele acrescentou que a EPV deseja fortalecer a conectividade ferroviária do porto, pois ele tem acesso aos trilhos utilizados pelo sistema metroviário de Valparaíso. 

“Estamos trabalhando com a [empresa ferroviária estatal] EFE para continuar usando essa capacidade. No entanto, a capacidade será muito menor do que a de San Antonio, já que as operações de carga seriam limitadas ao período noturno, após o serviço de passageiros do metrô”, destacou Escobar.

Outro grande projeto portuário do Chile, o terminal externo de San Antonio, de US$ 4 bilhões, está passando por uma revisão ambiental, embora as obras preliminares ligadas ao seu futuro quebra-mar de 4 km estejam previstas para iniciar em 2025. Isso envolveria uma ligação entre a rodovia Route 66 e o porto para transportar materiais para a estrutura. Essas obras precisariam ser contratadas diretamente pela concessionária rodoviária Sacyr, apontou à BNamericas Eduardo Abedrapo, presidente da empresa portuária estatal de San Antonio, EPSA, 

O quebra-mar faz parte da “infraestrutura compartilhada” do porto e não está incluído na concessão. A EPSA lançou uma convocatória para manifestações de interesse sobre a construção dessa infraestrutura em abril, e 34 empresas avançaram para o estágio 4 do processo.

“Há um processo formal sob padrões de confidencialidade, no qual fornecemos informações detalhadas sobre engenharia e as empresas nos fornecem informações sobre os projetos que desenvolveram, para que tenhamos uma melhor compreensão de suas capacidades e experiências”, assinalou Abedrapo.

Ele acrescentou que a licitação para a concessão dos terminais do porto será lançada assim que as obras no quebra-mar estiverem suficientemente avançadas.

O projeto prevê a construção de dois cais, cada um com 1.730 metros de comprimento, além de quatro terminais (dois em terra e outros dois em um porto externo) e o quebra-mar de 4 km. Quando concluído, o porto deverá ser capaz de movimentar 6 milhões de TEUs por ano.

POSSÍVEL CONFLITO ENTRE EUA E CHINA

Foi noticiado que as autoridades dos EUA estão analisando o porto de San Antonio como uma possível forma de competir com o projeto de Chancay, no Peru, que foi financiado pela China. O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, teria manifestado a intenção de impor tarifas de até 60% sobre os produtos exportados por portos com financiamento chinês.

O ministro dos Transportes, Juan Carlos Muñoz, afirmou à BNamericas que as autoridades dos EUA ainda não fizeram uma declaração formal sobre o assunto.

“m questões como essas, nosso país é um pouco neutro. E recebemos bem qualquer investidor interessado em melhorar nosso sistema logístico. Quanto mais interesse nossa infraestrutura gerar, mais competição haverá, e, portanto, melhores padrões de serviço, preços mais baixos e mais eficiência”, concluiu.