Chile lança processo para desenvolver roteiro de descarbonização

O governo do Chile iniciou um processo colaborativo para discutir e desenvolver um roteiro para a descarbonização.

O foco do processo, que envolverá diversos stakeholders e receberá apoio técnico do BID, é o ano de 2030.

Sob a lei de mudanças climáticas do país, foi estabelecido o objetivo de alcançar a neutralidade de carbono e um sistema elétrico livre de emissões até 2050.

Entretanto, a política energética nacional prevê as metas de gerar pelo menos 80% de energia a partir de fontes renováveis e instalar 2 GW de capacidade de armazenamento de energia até 2030.

Um desafio fundamental, segundo participantes do evento de lançamento da iniciativa, é garantir que existam condições para possibilitar a continuidade da desativação das centrais elétricas a carvão. Isso exigiria investimentos em geração, transmissão (linhas e tecnologia de rede) e armazenamento de energia, e possivelmente gastos para prolongar a vida útil das usinas a GNL. O plano também considera necessárias melhorias na concepção do mercado atacadista de energia para melhorar os incentivos aos investimentos.

“A descarbonização não se trata apenas de desativar centrais elétricas a carvão, mas também de novas oportunidades de reconversão, gerando mais empregos, investimento e desenvolvimento de comunidades em harmonia com o meio ambiente”, disse o ministro da Energia, Diego Pardow, na plataforma X, antigo Twitter.

Em 2019, a capacidade instalada a carvão do Chile era de 5,5 GW. Em julho deste ano, caiu para 4,34 GW. Já em 2025, espera-se que a capacidade caia para 1,93 GW, de acordo com uma apresentação do Ministério da Energia.

Essas usinas desempenham um papel de estabilidade da rede e precisariam ser substituídas.

LEIA TAMBÉM: Saída da geração a carvão no Chile – a situação atual 

***

Dois projetos de energia renovável no valor combinado de US$ 913 milhões foram submetidos à avaliação ambiental.

O maior deles, Wayra, iniciativa de US$ 623 milhões planejada pela EDF Chile, já estava no sistema. Proposto para a região de Antofagasta, Wayra envolve um parque eólico de 384 MW, 173 MW de capacidade solar e um sistema de baterias com capacidade de injeção de até 750 MWh.

As obras estão previstas para começar em maio de 2026.

O outro projeto é o parque eólico Carica, de US$ 290 milhões, planejado para a região de Coquimbo.

Proposto pela Sonnedix, o projeto envolve a instalação de 92,4 MW de capacidade eólica e um sistema de armazenamento em baterias com capacidade de injeção de até 400 MWh. A construção está prevista para começar em maio de 2025.

O parque eólico Carica participou do leilão de fornecimento regulado de energia do Chile em 2021.

***

A geradora de energia chilena Colbún e a mineradora Collahuasi assinaram um acordo de compra de energia limpa.

Com base no acordo de 12 anos, a Colbún concordou em fornecer até 650 GWh/ano à Collahuasi a partir de fontes renováveis.

Em 2020, a Collahuasi se tornou a primeira mineradora do Chile a ter um fornecimento de energia 100% renovável. O contrato permitirá que novos projetos de minas em construção também operem usando apenas energia limpa, disse a Colbún em um comunicado.

De janeiro de 2024 a dezembro de 2025, serão fornecidos cerca de 230 GWh/ano, e de 2026 a 2035, 650 GWh/ano, provenientes de usinas renováveis existentes e projetos que ainda serão construídos, informou a Colbún.

A geradora conta hoje com 17 usinas hidrelétricas que somam 1,6 GW e três parques solares com 250 MW. A empresa também está construindo aquele que será o maior parque eólico do Chile, a instalação Horizonte, de 816 MW, e está colocando em operação o sistema de armazenamento em baterias de 8 MW/32 MWh Diego de Almagro Sur.

LEIA TAMBÉM: Os projetos de geração de energia da chilena Colbún 
LEIA TAMBÉM: Wärtsilä considera mercado de armazenamento de energia um dos mais promissores