Chile publica proposta de reforma do mercado atacadista de energia

O CEN, coordenador da rede elétrica do Chile, publicou um relatório que recomenda a criação de um novo mercado atacadista de energia com base em licitações de eletricidade, capacidade e serviços complementares.

O documento de 585 páginas foi produzido pela consultoria ECCO International e apresentado ao ministro da Energia, Diego Pardow.

O relatório faz parte do roteiro do CEN para acelerar a transição energética, que estabelece uma série de condições facilitadoras para a jornada de preparação de um sistema capaz de operar com 100% de energias renováveis durante alguns blocos de horas até 2030.

“Esperamos que este trabalho, que foi compartilhado com grande parte do setor elétrico em diversas reuniões, contribua para uma discussão de longo prazo visando melhorar o mercado atacadista de eletricidade. E isso inclui manter os elementos atuais que funcionam bem, enquanto adicionamos outros para enfrentar os desafios da transição energética”, pontuou o presidente do CEN, Juan Carlos Olmedo, em um comunicado.

A rede elétrica do Chile tem uma capacidade de baixo carbono crescente, que gira em torno de 23 GW hoje.

“É fundamental reconhecer que essa mudança não é apenas uma resposta à participação cada vez maior da energia renovável e das baterias em nosso sistema, mas também à necessidade de promover a concorrência por meio da entrada de novos agentes, inclusive no lado da demanda”, disse Blanca Palumbo, membro do conselho consultivo do CEN, durante um evento de apresentação no início deste ano.

“Acreditamos que uma mudança como essa trará uma série de benefícios, entre eles a otimização da programação de unidades de geração com custos fixos”, completou.

Shmuel Oren, acadêmico da Universidade da Califórnia em Berkeley e membro do projeto ECCO, destacou a necessidade de mudança.

“O que nos impulsionou ao longo da nossa jornada é o fato de que a abordagem baseada em custos, que serviu muito bem ao Chile por muitos anos, não é sustentável em um ambiente em que 80% ou 60% dos recursos não têm um custo bem definido, como baterias, energia solar e eólica”, explicou Oren. “Esse é o vetor: isso não é sustentável, e é preciso mudar para um sistema em que as pessoas possam refletir um custo de oportunidade, que vai desempenhar um papel muito importante.”

Os resultados preliminares foram apresentados no ano passado.

O relatório está disponível para download (em espanhol) na caixa Documentos, no canto superior direito da página.