Chile se preocupa com sua lacuna em eletromobilidade

Os primeiros ônibus elétricos no Chile a trafegar fora de Santiago começarão a operar ainda este ano, enquanto as autoridades tentam preencher a lacuna em eletromobilidade entre a capital e outras cidades.

Na cidade de Antofagasta, no norte, 40 ônibus elétricos começarão a operar este ano, enquanto as licitações de frota para outras cidades estão em andamento ou sendo elaboradas, disse Alan Sepúlveda, chefe da divisão regional de transporte público do Ministério dos Transportes (MTT).

“Gostaríamos muito que o salto necessário para encurtar [o gap Santiago-Regional] fosse muito menor, mas também entendemos que encurtar esse gap não é apenas trocar os motores dos ônibus, mas deve haver uma mudança estrutural também no modelo para garantir a qualidade do serviço”, disse Sepúlveda em um webinar de eletromobilidade.

Acrescentou que os operadores internacionais e locais estão interessados nos projetos regionais que vão ser licitados, e estes incluem não só fornecedores de ônibus mas também operadores de energia que fornecem infraestrutura para postos de carregamento e instituições financeiras interessadas em participar mediante parcerias.

O processo não foi isento de percalços. Um contrato de frota que deveria trazer 36 ônibus elétricos para a cidade de Valparaíso está sendo rescindido a pedido da contratada (Valparaiso Transport Electric). Sepúlveda disse que a contratada considerou que as condições macroeconômicas mudaram drasticamente desde a concessão da empreitada em finais de 2021, impossibilitando-a de cumprir os seus compromissos.

Em vez de reiniciar o processo, no entanto, a MTT optou por implementar um programa de incentivos para os operadores de ônibus existentes na cidade a fim de adotarem veículos elétricos. Com isso, espera-se que 44 ônibus elétricos comecem a operar em Valparaíso até meados de 2024.

O objetivo geral é ter 300 ônibus elétricos operando fora de Santiago até o final do governo do presidente Gabriel Boric, em março de 2026, disse Sepúlveda.

O funcionário fez esses comentários durante um webinar sobre oportunidades de investimento em eletromobilidade no Chile, realizado pelo portal de notícias Portal Movilidad.

OUTROS DESAFIOS

O mesmo webinar foi informado de que os desafios permanecem, apesar dos melhores esforços do Chile em eletromobilidade – o que deu a Santiago uma das maiores frotas de ônibus elétricos de qualquer cidade fora da China.

Nicolás Rodríguez, gerente geral do grupo Metropol, disse que o sistema de ônibus RED de Santiago ainda não viu o tráfego de passageiros retornar aos níveis pré-pandêmicos. Outros problemas incluem alta evasão de tarifas no sistema e ataques incendiários contra veículos de transporte público.

Diego Fuentes, gerente de planejamento e desenvolvimento da Metbus, apontou o armazenamento de energia como um foco potencial para o setor. “As renováveis não convencionais estão gerando muita energia ao longo do dia e alterando um pouco as tarifas elétricas. Então a questão é como aproveitar essa geração que o país tem para alimentar todos esses veículos elétricos”, disse.

Em junho, o Chile tinha uma capacidade instalada de geração de 34.548 MW, dos quais 42,8% correspondem a renováveis não convencionais, segundo a associação de energia renovável e armazenamento Acera.