
Chile visa reforma do mercado atacadista de energia em meio a preocupações com a transição energética

O coordenador da rede elétrica do Chile, CEN, contratará uma empresa privada para redigir uma proposta para redesenhar o mercado de energia de curto prazo para permitir que as empresas apresentem ofertas em vez de preços definidos pelo custo marginal.
De acordo com os documentos do processo, o CEN procura uma empresa de consultoria capaz de projetar um mercado baseado em lances para que as empresas vendam energia elétrica, serviços auxiliares (como controle de frequência) e capacidade disponível, com viabilidade pendente. O mercado deve ser formulado levando em consideração os requisitos dos planos de transição energética do Chile, afirma o documento.
“O projeto proposto deve levar em conta e incorporar os efeitos de: uma alta penetração de ERV [energia renovável variável] e sistemas de armazenamento, tanto acoplados a um gerador quanto autônomos, energia distribuída e a participação ativa da demanda no mercado, bem como a possível integração com países vizinhos por meio de trocas de energia e outros elementos adicionais que contribuem para a confiabilidade e segurança do sistema de energia”, explica o documento.
A empresa selecionada também terá de elaborar uma proposta separada sobre como será a transição do atual regime, onde os preços são definidos pelo custo incorrido pela última unidade usada para gerar energia. O período de transição será de sete anos.
O sistema de energia elétrica do Chile envolve o acesso dos geradores a dois mercados. O primeiro usa um modelo de curto prazo, ou spot, onde a energia é injetada ou retirada pelas empresas dos nós do sistema a um preço nodal definido pelo custo auditado da última unidade de energia que foi chamada pelo CEN para gerar no local.
O segundo é um mercado de longo prazo ou contratos, onde os geradores podem assinar livremente contratos de compra de energia (PPAs) com grandes consumidores privados ou obter PPAs com distribuidores de energia regulados nos leilões públicos.
A implementação de uma estrutura baseada em lances mudaria a operação do mercado spot para permitir que as empresas ofereçam preços mais baixos ou mais altos, dependendo de sua avaliação de risco e oportunidade. Também poderia permitir que as empresas tivessem acesso a instrumentos financeiros de médio prazo para preencher a lacuna entre o risco do mercado spot e os preços de longo prazo estabelecidos nos PPAs.
Embora, em teoria, torne o mercado mais competitivo, um mercado baseado em ofertas também exigiria proteções para evitar que empresas maiores expulsassem as menores ao apresentar lances regulares com prejuízo. A chamada do CEN especifica que a proposta deve incluir regras para “mitigar o risco de os agentes exercerem poder no mercado”.
A reforma completa do mercado spot exigiria mudanças legais aprovadas pelo Congresso e implementadas pelo Ministério da Energia e pelo regulador do setor de energia CNE.
O CEN já havia declarado que o atual modelo de mercado de curto prazo está chegando ao limite, dada a grande presença de renováveis, como solar e eólica, que são avaliadas a um custo marginal zero.
As empresas de energia renovável relataram recentemente dificuldades financeiras devido à crescente discrepância entre os preços do mercado spot em todo o sistema, um problema conhecido como dissociação.
De acordo com as informações do edital do CEN, as ofertas devem ser enviadas até 20 de junho, com a adjudicação prevista para 4 de julho. A elaboração da proposta levará cerca de cinco meses, segundo o documento.
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