Codelco compra participação da Enami na Quebrada Blanca por US$ 520 mi

A mineradora estatal chilena Codelco, líder mundial na produção de cobre, comprará a participação de 10% da também estatal Enami na Quebrada Blanca, localizada na região de Tarapacá, no norte do Chile, em uma transação de US$ 520 milhões.

Com o acordo, a Codelco adicionará entre 25 mil e 30 mil toneladas anuais à sua produção de cobre, que no ano passado atingiu 1,3 milhão de toneladas de seus próprios depósitos. Isto é, 2% do volume atual.

Dada a precária situação financeira da Enami, o acordo “permitirá aliviar, em parte, a dívida acumulada ao longo dos anos, que passará de US$ 740 milhões para US$ 250 milhões", explicou o CEO da Enami, Iván Mlynarz.

Quebrada Blanca é controlada em 60% pela canadense Teck Resources e em 30% pela japonesa Sumitomo.

As ações da Enami serão transferidas imediatamente após o pagamento de US$ 182 milhões, enquanto o valor restante será quitado em até 120 dias, segundo um comunicado da Codelco.

Além de adquirir direitos sobre ações e dividendos preferenciais, a Codelco poderá nomear dois dos onze diretores da empresa.

Por outro lado, a Enami receberá recursos que permitirão continuar apoiando a pequena e média mineração.

No entanto, alguns atores da indústria acreditam que o acordo não é vantajoso para a Enami, pois a priva de um ativo valioso em um momento de boas perspectivas para o preço do cobre.

Recentemente, um comitê de especialistas do governo, que trabalha na elaboração do orçamento de 2025, elevou a estimativa do preço do cobre para US$ 4,09/lb, acima dos US$ 3,86/lb considerados para este ano.

A Quebrada Blanca está entre as vinte maiores operações de cobre do mundo. Aproximadamente US$ 8,2 bilhões foram investidos em sua Fase II (QB2), atualmente em fase de comissionamento, com a expectativa de alcançar uma produção anual entre 280 mil e 310 mil toneladas nos próximos três anos.

No ano passado, a QB foi a sexta maior produtora do Chile, atrás de Escondida, Collahuasi, El Teniente, Radomiro Tomic e Los Pelambres.

CRÍTICA

A associação mineradora Sonami, que reúne empresas privadas, rejeitou a operação desde o início.

“Vamos solicitar que essa compra seja profundamente revisada por todas as instâncias de controle do Estado, para garantir que está sendo feita a um valor justo, sem prejuízo para a Enami e com total transparência necessária para esse tipo de análise”, declarou o presidente da Sonami, Jorge Riesco, em vídeo um compartilhado com a BNamericas.

Em julho, a Sonami enviou uma carta ao presidente Gabriel Boric, alertando que o acordo deixaria a Enami sem seu ativo mais valioso e sem uma fonte futura de receita.

Em resposta, o presidente instruiu o Ministério das Minas se reunir com representantes da Sonami para discutir essas questões, mas a reunião estava prevista para o final de setembro.