Codelco prepara níveis subterrâneos em El Teniente em meio à recuperação da produção

A mineradora estatal chilena Codelco, que reportou quase 300 mil toneladas de cobre entre janeiro e março, está adiantando os detalhes para iniciar a produção dos novos níveis subterrâneos Andesita e Andes Norte, no depósito El Teniente.

“As explosões soarão entre junho e julho para comemorar o início deste grande projeto”, disse o gerente geral do El Teniente, Andrés Music, em sessão da comissão de mineração e energia do Senado, realizada pela primeira vez nas instalações da divisão, que está localizada na região de O'Higgins.

Os dois níveis de El Teniente exigiram US$ 4,2 bilhões para prolongar a vida útil da mina e ter acesso a minério de melhor qualidade.

No ano passado, El Teniente registrou 351,9 mil toneladas de cobre e para este ano são esperadas entre 350 e 360 mil toneladas, comentou Music, que também destacou os esforços tecnológicos implementados na mina subterrânea, dentre os quais mais de 4.500 km de túneis. “Todos os ônibus que entram na mina são elétricos”, também destacou o executivo.

A Codelco reportou uma queda anual de 8,4% na produção de cobre em 2023, a qual fechou em 1,3 milhão de toneladas (Mt). Os atrasos nos projetos estruturais provocaram também uma diminuição do Ebitda da Codelco, que se fixou em US$ 4,18 bilhões, após contabilizar US$ 5,66 bilhões no ano anterior, disse o presidente do seu conselho de administração, Máximo Pacheco.

Para este ano está prevista a produção de 1,35 Mt de cobre, com expectativa de atingir 1,7 Mt em 2030, acrescentou Pacheco.

Entre os desafios, está administrar o endividamento da empresa e solucionar os requisitos de investimentos para continuar avançando nos projetos e manter a sólida presença da Codelco como principal produtora de cobre do mundo. “Temos as maiores reservas de cobre do mundo: 47,5 Mt”, mencionou Pacheco.

A crescente demanda por cobre promete oportunidades, mas exige um esforço maior na produção. A opinião é de Álvaro Merino, diretor-executivo da consultoria chilena Núcleo Minero e ex-diretor de estudos da Sociedade Nacional de Mineração (Sonami). Segundo ele, até 2030 se espera a produção global de cerca de 50 milhões de veículos eléctricos, o que exigirá 3 Mt adicionais de cobre ao fornecimento atual.

“Não conseguiríamos atender ao aumento da demanda porque, além da diminuição dos teores de cobre, há limitações no financiamento devido ao aumento das taxas de juro. O período em que o custo do cobre se normalizará é fundamental. Proteger e fortalecer as condições para o crescimento da mineração é uma tarefa estratégica para o Chile”, concluiu.