
Com crescimento de demanda por nuvem, Huawei promete novos datacenters na América Latina

A gigante chinesa de TIC Huawei diz que está comprometida em alcançar novas regiões de nuvem (clusters centrais de datacenter) e zonas de disponibilidade (AZs, hubs de datacenters menores) na América Latina – com a Colômbia como provável próxima parada.
“Estabelecemos no passado a possibilidade de incluir a Colômbia e isso continua no plano. Não tenho data para isso. Estamos investindo para trazer mais desenvolvedores, mais indústrias e ampliar os cenários em que as indústrias podem se beneficiar do uso da Huawei Cloud”, disse em resposta à BNamericas o vice-presidente de relações públicas da empresa para a América Latina, Cesar Funes Garay, durante coletiva de imprensa.
Durante um evento esta semana em Buenos Aires, Fernando Liu, líder da divisão de nuvem para a América Latina, explicou que a empresa pretende abrir quatro novas zonas de disponibilidade na América Latina: duas no México, uma no Brasil e outra no Chile.
Atualmente, a Huawei opera três principais regiões de nuvem na América Latina – Brasil, Chile e México – além de duas regiões “nacionais” na Argentina e no Peru, com nove AZs no total.
Em uma AZ, computação, rede, armazenamento e outros recursos são logicamente divididos em vários clusters e as AZs dentro de uma região são interconectadas com fibra, permitindo que os clientes criem sistemas cross-AZ de alta disponibilidade, de acordo com a empresa.
A Huawei já havia anunciado planos para adicionar novas redes de entrega de conteúdo – CDNs, estruturas para levar o conteúdo para mais perto do cliente e reduzir a latência – na América Latina e no Caribe.
Paraguai e Uruguai, por exemplo, estavam entre esses mercados, juntamente com Bolívia, Barbados, Suriname, Belize, Bahamas, Guiana, Jamaica e Nicarágua.
Segundo Funes, a Huawei investiu mais de US$ 100 milhões em seu programa de desenvolvimento de nuvem para a América Latina.
“Nós olhamos para a nuvem como parte do principal componente de continuar a melhorar as habilidades de transformação digital para todos os setores. Este é um negócio de software. Tudo como um serviço é a principal mensagem que estamos sempre olhando”, ele afirmou.
Em todo o mundo, a Huawei relata 29 regiões de nuvem e 75 AZs, atendendo a clientes em mais de 170 países. A Huawei Cloud agora tem mais de 4 milhões de desenvolvedores e 41 mil parceiros em todo o mundo, de acordo com a empresa.
Na América Latina, o grupo afirma ter alcançado mais de 1,4 mil parceiros para seu ecossistema de nuvem. Funes também mencionou que a Huawei Cloud tem 16 mil desenvolvedores certificados e atraiu mais de 3 mil empresas, que estão trabalhando em mais de 2 mil soluções conjuntas.
P&D E RESTRIÇÕES
O vice-presidente de comunicações corporativas da Huawei para a América Latina, Michael Chen, disse que a energia renovável – ou seja, o fornecimento de painéis fotovoltaicos – e a computação em nuvem foram dois dos principais motores de crescimento da empresa.
De acordo com Chen, finanças, manufatura, energia, comércio eletrônico, internet/jogos e educação online são segmentos-chave para a empresa na América Latina.
O executivo também disse que a empresa está dobrando a aposta em P&D e inovação na região, embora não tenha dado um detalhamento.
Em todo o mundo, a Huawei aumentou os investimentos em pesquisa e desenvolvimento para US$ 23,2 bilhões em 2022, o equivalente a 25,1% da receita líquida de US$ 92,3 bilhões. As receitas na região das Américas cresceram 9,1%, para US$ 4,6 bilhões.
“Aprendemos a continuar atendendo nossos clientes mesmo com as restrições vigentes, restrições impostas em maio de 2019. O que temos feito, mesmo antes disso, é desenvolver uma cadeia de suprimentos antecipando riscos, trabalhando em uma estratégia integrada”, declarou Funes sobre as restrições do governo dos EUA aos suprimentos para a Huawei.
O desenho dos produtos da empresa já considera antecipadamente os componentes e itens que vão exigir e que podem ser restritos, disse Xe.
“Esses planos de contingência ajudaram a empresa a sobreviver. Em todos esses anos, conseguimos substituir 13 mil componentes para manter o atendimento aos nossos clientes.”
REIVINDICAÇÕES DE DUMPING
A BNamericas também perguntou à empresa sobre as alegações de fabricantes globais de fibra com operações na América Latina de que as empresas chinesas poderiam estar praticando dumping, com exportações fortemente subsidiadas.
As empresas afirmam que outros mercados, como Europa e EUA, já impuseram medidas antidumping ou restrições à importação por meio de aumento de impostos, e que os governos latino-americanos deveriam fazer o mesmo.
Conforme relatado exclusivamente pela BNamericas, o governo brasileiro, apesar dos estreitos laços econômicos entre Brasil e China, está avaliando uma investigação sobre possíveis práticas de dumping.
“Trabalhamos nesta indústria de TIC e transformação digital há mais de 35 anos e nossa responsabilidade é com nossos clientes. Ganhamos a confiança deles. E cumprimos todos os regulamentos em todos os mercados que atendemos. Seja qual for o tipo de regulamentação ou padrão que tivermos que seguir, continuaremos sendo consistentes”, disse Funes, acrescentando que não estava ciente da possível investigação antidumping.
Além disso, de acordo com ele, a Huawei está focada em promover soluções de fibra inovadoras e acessíveis na região, como o recente produto fiber-to-room, atualmente usado por empresas de telecomunicações como a brasileira Oi.
DOAÇÃO DE EQUIPAMENTOS
Em notícias relacionadas, a Huawei anunciou na sexta-feira (31) que doou equipamentos do IdeaHub ao parlamento boliviano.
O IdeaHub é uma espécie de “tela inteligente”, agrupando escrita inteligente, videoconferência de alta definição e compartilhamento sem fio, de acordo com a empresa.
A Huawei disse ainda que a iniciativa visa “melhorar a comunicação entre as entidades governamentais que contribuem para a promoção do ambiente de TIC, fortalecendo a transformação tecnológica para o desenvolvimento” da Bolívia.
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