Com expansão do 5G esfriando, investimentos em telecom no Brasil ficaram estáveis no 1º semestre

As maiores operadoras de telecomunicações do Brasil investiram R$ 15,8 bilhões (US$ 2,77 bi) no primeiro semestre do ano – valor estável em comparação ao primeiro semestre de 2023 –, depois que os investimentos para introduzir a tecnologia 5G ultrapassaram seu auge, de acordo com a Conexis Brasil Digital, entidade que atua como sindicato das empresas de telecomunicações.

No segundo trimestre, os investimentos das empresas de telecomunicações totalizaram R$ 8,2 bilhões, ante R$ 8,4 bilhões um ano antes, revelou a Conexis, que é formada por Telefônica Brasil, Claro, TIM, Oi e Algar Telecom.

“Entre os anos de 2020 e 2022 o setor fez altos investimentos para preparar a infraestrutura para a instalação do 5G. Esse mesmo comportamento ocorreu antes da chegada do 4G, o que aponta que há um aumento dos investimentos, seguido por um período de estabilização”, disse em nota o presidente-executivo da Conexis, Marcos Ferrari. 

Nos últimos anos, segundo o sindicato, cerca de 45% dos investimentos anuais das operadoras foram desembolsados no primeiro semestre, o que sugere que o número para o segundo semestre provavelmente será maior. 

Quase todas as principais empresas de telecomunicações estão desacelerando os gastos e redirecionando seus capex, especialmente Telefônica, TIM e Algar Telecom. 

Já a Oi passa por uma reestruturação e alienação de ativos como parte de sua segunda recuperação judicial, após a qual deverá se tornar uma empresa focada em serviços de TIC B2B. 

Grandes grupos como a Telefônica vêm buscando reduzir sua relação capex/receita. Esta estratégia, em um contexto de crescimento de receitas, é vista pelas big techs como uma contradição, já que as empresas de telecomunicações têm recorrido a OTTs e empresas de tecnologia para ajudar com investimentos em redes. 

No segundo trimestre, a receita bruta das empresas de telecomunicações atingiu R$ 72,5 bilhões, para um crescimento anual ajustado pela inflação de 0,7%, segundo a Conexis. A entidade não compila receitas líquidas para seus relatórios. 

A Conexis também informou que o número reverte uma tendência de queda na receita nos últimos anos. 

“Isso foi possível porque, pela primeira vez após a pandemia, as empresas conseguiram recuperar parte das perdas devido à inflação do período”, declarou a entidade. 

As receitas dos serviços de telefonia móvel e banda larga fixa cresceram 4,2% e 2,9% acima da inflação, respectivamente, em comparação ao segundo trimestre de 2023. Já os serviços de telefonia fixa, TV paga e outros, somados, caíram 7,4%.