Com o fim das concessões hidrelétricas, Argentina pondera sobre o futuro

Como uma interrogação paira sobre o futuro modelo operacional de um portfólio de usinas hidrelétricas na Argentina, o governo federal disse que realizará uma pesquisa abrangente sobre elas.

Funcionários do departamento federal de energia, do subdepartamento de energia elétrica, do administrador do mercado atacadista de energia Cammesa, do regulador de Enre e da empresa estatal de energia Ieasa estabelecerão um grupo para realizar o trabalho.

Vinte e uma concessões estão programadas para expirar entre 2022 e 2029, a maior parte nos próximos quatro anos. Outra deverá se encerrar em 2044. As usinas têm capacidade instalada combinada de 5,8 GW – cerca de metade da capacidade hidrelétrica da Argentina, de 10,8 GW. A capacidade total de geração de energia instalada da Argentina ficou em torno de 43 GW no ano passado.

As autoridades se concentrarão primeiro naquelas que terminarão em 2023, disse o departamento federal de energia em comunicado. Os relatórios fornecerão informações sobre os aspectos técnicos, econômicos, legais e ambientais das usinas.

Os dois principais resultados possíveis são o governo estender as concessões ou assumir o controle das usinas.

PROVÍNCIAS DE NEUQUÉN E RÍO NEGRO

As províncias de Neuquén e Río Negro também estão aprofundando seu foco em várias concessões, principalmente usinas nos rios de fronteira Limay e Neuquén.

As autoridades apresentarão uma proposta ao governo federal, disseram as províncias, as quais “ratificaram a conveniência e necessidade de intervir em tudo relacionado com a administração, operação, manutenção, uso comercial e conservação das instalações hidroelétricas”.

Em 2023, as concessões de operação outorgadas pelo governo federal para El Chocón-Arroyito, Piedra del Águila, Alicurá e Planicie Banderita deverão expirar.

A Enel Argentina é operadora do complexo Chocón-Arroyito (1.320 MW); a Central Puerto é operadora de Piedra del Águila (1.400 MW); a AES Argentina de Alicurá (1.000 MW); e a Orazul Energy Argentina da usina Planicie Banderita (450 MW), no complexo Cerros Colorados.

QUEDA NA PRODUÇÃO HIDRELÉTRICA

A produção hidrelétrica vem caindo desde pelo menos 2006, de acordo com dados da Cammesa. Como as condições de seca afetam os níveis de água, as usinas hidrelétricas produziram 24.116 TWh de eletricidade em 2021, abaixo dos 29.093 TWh de 2020 e 35.370 TWh de 2019.

Em contraste, a geração termelétrica foi de 90.073 TWh no ano passado, acima dos 82.336 TWh de 2020 e 80.127 TWh de 2019.

Na foto: A usina hidrelétrica El Chocón, de 1,2 GW, na fronteira provincial de Neuquén-Río Negro. Crédito: Enel Argentina.

Concessões hidrelétricas argentinas com vencimento entre 2023 e 2044. CRÉDITO: Departamento Federal de Energia da Argentina.