Como as primárias do Paraguai moldarão a corrida presidencial

Os aliados do presidente do Paraguai, Mario Abdo, são vistos em desvantagem contra os de seu antecessor, Horacio Cartes, nas primárias de 18 de dezembro da coalizão governista do Partido Colorado.

A fragmentação dentro de uma coalizão governista é normal no Paraguai, mas Abdo sofreu um duro golpe em agosto, quando o vice-presidente Hugo Velázquez, que liderou uma forte campanha para se tornar candidato presidencial, renunciou após acusações de corrupção por autoridades norte-americanas.

Velázquez foi substituído pelo então ministro de obras públicas Arnoldo Wiens, mas este último ainda está atrás de Santiago Peña, que foi ministro da Fazenda no governo Cartes.

“Parece que [Wiens] não tem tempo de se impor e diminuir a distância para Santiago Peña”, disse à BNamericas Marcos Pérez, pesquisador do conselho de ciência e tecnologia do Paraguai (Conacyt).

Como ministro de Obras Públicas, Wiens impulsionou uma agenda de PPPs e supervisionou a construção do primeiro trecho da rodovia bioceânica, bem como o início das obras das segunda e terceira pontes ligando ao Brasil, além da ponte Assunção-Chaco'i.

A Concertación Para un Nuevo Paraguay – principal força da oposição, composta por um bloco de esquerda formado por mais de uma dezena de partidos – também realizará primárias no domingo. Efraín Alegre, outro ex-ministro de Obras Públicas, é o favorito.

Alegre serviu sob o ex-presidente Fernando Lugo entre 2008 e 2011 e está concorrendo com uma plataforma anticorrupção, o que pode lhe dar um ângulo para atacar Peña e a coalizão Colorado.

“O número de assassinatos por encomenda e o crime organizado estão crescendo e isto naturalmente cria medo entre os cidadãos”, afirmou Pérez, acrescentando que Cartes também foi acusado de corrupção pelas autoridades americanas.

No início deste ano, o Paraguai foi abalado pelos assassinatos do promotor antidrogas Marcelo Pecci e do prefeito José Carlos Acevedo, ambos atribuídos ao crime organizado.

Pérez disse que emprego e inflação também serão prioridades para os eleitores nas eleições gerais, que serão realizadas em 30 de abril. Os eleitores também definirão a composição do Congresso, onde o Colorado pode obter maioria nas duas casas, mesmo que perca a eleição presidencial corrida, explicou Pérez.

“Os partidos tradicionais, os únicos que conseguem mobilizar grandes setores do eleitorado e têm acesso a financiamento maciço, irão melhorar seus percentuais no Congresso”, concluiu ele.