Como o risco de término das alterações climáticas poderia afetar o Chile

As ações de energias fósseis registaram um rendimento superior no ano passado devido ao chamado risco de término ligado aos efeitos que as alterações climáticas exercem nos mercados financeiros, o que pode gerar consequências para os importadores de combustíveis fósseis, como o Chile.

O risco de término surge quando uma empresa está próxima da rescisão e corre o risco de se tornar um ativo irrecuperável. Nesta situação, os investidores abrandam os gastos, o que, por sua vez, leva à redução da oferta e a preços mais elevados no curto prazo – e a maiores retornos.

No caso das ações de energia fóssil e da iminente eliminação progressiva dos combustíveis fósseis, os investidores estão concentrados em consolidar os ganhos de curto prazo decorrentes da redução da oferta, disse Robert Engle, professor emérito de Finanças da Universidade de Nova Iorque, em um evento organizado pela Universidade Católica do Chile.

Os preços médios do Brent terminaram 2023 em US$ 89/b, em comparação com US$ 101/b em 2022 e US$ 50/b em 2020, quando a demanda entrou em colapso devido à pandemia da Covid-19.

Desde então, alguns produtores reduziram a sua produção, enquanto a oferta tem sido mais incerta face aos conflitos geopolíticos.

“Se os Estados Unidos aplicassem um imposto abrangente sobre o carbono, então este aumento na rentabilidade das empresas de energia devido à resposta ao risco de término seria muito menos dramático”, afirmou Engle, ganhador do Prêmio Nobel Memorial em Ciências Econômicas de 2003.

“O Chile importa petróleo. As empresas petrolíferas enfrentam riscos de término. Dessa forma, o Chile lidará com preços mais altos”, respondeu Engle a uma pergunta da BNamericas sobre como o risco de término afeta o país, que pretende se tornar neutro em carbono até 2050.

Engle destacou que os preços mais elevados das energias fósseis poderiam acelerar a transição para as energias renováveis, mas a política deve fornecer orientação.

“Apostamos fortemente na esperança, mas a esperança não nos levará aonde precisamos ir. Precisamos de uma grande transformação”, pontuou ele.

Engle também destacou que os países que dependem de energias fósseis estão sendo incentivados pelos riscos de término a utilizar os ganhos de curto prazo e a diversificar suas economias.