Concessionária do futuro aeroporto de Chinchero estaria de saída

O governo peruano está prestes a cancelar o contrato com a concessionária do Aeroporto Internacional de Chinchero (AICC), revelou um especialista do setor à BNamericas, sob condição de anonimato. O projeto, em Cusco, está avaliado em US$ 682 milhões.

A rescisão do contrato com o consórcio Natividad – formado por Hyundai Engineering & Construction (Coreia do Sul), Sinohydro Corporation (China), ICA Constructora (México) e HV Contratistas (Peru) – significará a paralisação das obras por pelo menos seis a nove meses, período necessário para o processo de assinatura do contrato com uma nova concessionária.

Segundo a fonte, o governo já avaliava o cancelamento do contrato com a Natividad há algumas semanas. O que teria motivado as autoridades a tomar a decisão foi a falta de avanço nas obras e a pouca disponibilidade da empreiteira. 

“Houve uma reunião entre a presidência do Conselho de Ministros, o Ministério de Transportes e Comunicações [MTC], as partes signatárias do acordo entre governos e o governador de Cusco. Na ocasião, os participantes destacaram que a situação com a empreiteira era insustentável, porque não há vontade de trabalhar. Eles estão pedindo dinheiro, mas as obras estão paralisadas”, afirmou o especialista.

Representantes do consórcio Natividad teriam tentado participar da referida reunião, mas não foram autorizados a entrar.

DIVERGÊNCIAS

Os problemas envolvendo o aeroporto, o MTC e a Natividad já duram meses. No início de abril, o ministério anunciou a transferência de 40 milhões de soles (US$ 11 milhões) para garantir a continuidade das obras, mas o consórcio havia solicitado US$ 193 milhões.

Com o contrato prestes a ser cancelado, e considerando que a seleção de uma nova concessionária e a assinatura de um novo contrato levarão até nove meses, as obras só seriam retomadas no segundo trimestre de 2025.

No final do primeiro trimestre de 2024, o projeto registrava um avanço geral de 11%, e a previsão era que as obras fossem concluídas entre março e abril de 2026. Com outra concessionária, existe a possibilidade de o AICC não ser entregue até 2027 ou 2028.

A BNamericas contatou o MTC para saber mais sobre o assunto. A pasta ressaltou que, no momento, o contrato continua em vigor e “não há anúncio oficial de que tenha sido rescindido”.

Algumas horas depois, o ministério publicou uma nota (disponível na seção Documentos, em espanhol) informando que estava trabalhando em todas as alterativas para que a construção do projeto continuasse a cargo do consórcio. Uma nova reunião estava marcada para 13 de junho.

ARBITRAGEM

Antes da Natividad assumir as obras do AICC, o projeto havia sido concedido à concessionária Kuntur Wasi em 2014, mas seu contrato foi cancelado em 2017. Assim como a Kuntur Wasi, é provável que a Natividad leve a rescisão do contrato à arbitragem.

“O MTC está pressionando para ter toda a documentação e preparar a rescisão do contrato”, acrescentou o especialista à BNamericas. “Está quase tudo pronto. O consórcio Natividad também estaria avaliando a rescisão do contrato por conta própria.”