Conselho de Medellín aprova venda de ações da EPM na Tigo-Une

O conselho da cidade colombiana de Medellín autorizou a venda das ações que a estatal multisserviços EPM possui na empresa de telecomunicações Tigo-Une.

O projeto de lei que permite a venda foi aprovado no segundo debate legislativo com 16 votos a favor e 5 contra.

Esta é a quarta vez que a EPM tenta convencer o conselho a aprovar a venda dos seus ativos de telecomunicações, após tentativas frustradas em 2021 e duas vezes em 2022.

Além da participação na Tigo-Une, o acordo aprovado pelo conselho autoriza a venda das ações na Invertelco, uma sociedade destinada a investir em negócios de telecomunicações e que oferece serviços de terceirização de processos de negócios (BPO).

A Millicom, sócia da EPM e acionista majoritária da Tigo-Une, já havia anunciado que poderia destinar US$ 1 bilhão para duas operações na Colômbia, incluindo a aquisição de ações da EPM na Tigo-Une. A outra operação seria a possível compra de todas as ações da Telefónica na Coltel, por US$ 400 milhões.

O desinvestimento permitirá à EPM concentrar-se nos seus negócios de energia e serviços públicos, que apresentam menos riscos do que as telecomunicações.

Acredita-se que a EPM poderá arrecadar cerca de 1,6 trilhão de pesos (US$ 394 milhões) com a venda de sua participação na Tigo-Une.

A EPM registrou uma perda de 1,1 trilhão de pesos em 2023, enquanto as receitas atingiram 5,3 trilhões de pesos. A empresa tem reportado prejuízos desde 2020 e seus ativos líquidos também têm demonstrado redução.

“Estamos em um processo de dissolução da propriedade pública das empresas de telecomunicações”, afirmou o presidente Gustavo Petro nas redes sociais, antes da aprovação pelo conselho de Medellín da venda dos ativos da EPM.

Ele acrescentou que o projeto político do ex-presidente Álvaro Uribe, centrado na privatização dos serviços públicos, especialmente das telecomunicações, iniciou e concluiu a tarefa de retirar o setor público das telecomunicações, aproximando-os de um monopólio privado.

Petro se opôs à retirada da EPM da Tigo-Une e propôs promover a propriedade pública em “grandes troncos de fibra ótica” e conselhos de internet públicos para redes de telecomunicações.

“Eu convidaria a ETB e a Emcali para construir uma aliança de empresas públicas com a Internexa”, disse o presidente.

A Internexa trabalha em programas de conectividade junto ao Ministério de Tecnologia da Informação e Telecomunicações (Mintic).

A ETB é outra empresa pública que pondera vender pelo menos parte das suas ações ao setor privado.

INVESTIGAÇÃO DA VENDA DE TORRES

A Secretaria de Transparência da presidência solicitou aos reguladores do comércio e das empresas que investigassem a venda das torres Tigo por possível descumprimento regulatório e eventual desrespeito ao princípio de transparência nas ações das empresas envolvidas, informou o titular da secretaria, Andrés Idárraga Franco, nas redes sociais.

Em janeiro, foi anunciado um acordo entre o fundo KKR e a Tigo para a aquisição de 1.100 torres sem fio da subsidiária Tigo Colômbia da Millicom. Os termos exatos e os detalhes financeiros da venda não foram divulgados.

“É necessário que as autoridades avaliem a situação administrativa, contábil, econômica e jurídica da Tigo-Une, antes e depois da venda dos seus ativos estratégicos”, observou Idárraga Franco.