Construtoras de grandes projetos pedem mudança de atitude do governo peruano

Os empresários peruanos estão otimistas com os grandes projetos de infraestrutura que serão inaugurados em breve, mas exigem um governo mais proativo na liberação de terrenos e uma visão mais ampla em relação às ferrovias e estradas.

Representantes das empresas por trás de projetos como o megaporto de Chancay e a Linha 2 do metrô de Lima apontam que é hora de começar a corrigir erros e superar obstáculos relacionados à propriedade, à coordenação entre ministérios e licenças, entre outros, visando aproveitar a nova infraestrutura.

“Penso que poderíamos criar uma autoridade nacional do sistema ferroviário. Somos o país mais atrasado da região neste aspecto e precisaremos disso se quisermos integrar a sociedade à cadeia de valor”, disse Carlos Tejada, vice-diretor-geral da Cosco Shipping Ports Chancay Perú (CSPCP), empresa que constrói o megaporto de US$ 3,6 bilhões, em conferência para a Câmara Americana de Comércio do Peru (AmCham Perú).

Segundo a empresa chinesa, foram identificados oito megaprojetos – dois deles ferroviários – necessários para aproveitar o potencial que Chancay trará consigo. A lista é a seguinte:

• Tren de la Costa (superará os US$ 32 bilhões)
• Anel Viário Periférico (US$ 3,8 bilhões)
• Par Viário Pasamayo
• Parque Industrial de Ancón (US$ 762 milhões)
• Rodovia Sayán–Pucallpa
• Rodovia Huaral–Cerro de Pasco
• Via periurbana Ancón–Pucusana (superará os US$ 15 bilhões)
• Trem Chancay–Pucallpa (superará os US$ 15 bilhões) 

Por sua vez, Carmen Deulofeu, diretora-geral da construtora da Linha 2 do Metrô, indica que é urgente haver maiores orientações sobre desapropriações e liberação de imóveis; especialmente porque Lima – e também algumas regiões – é uma cidade densa que cresceu sem planejamento.

“Sem a liberação do terreno você não vai conseguir construir apesar de ter um bom contrato, maquinário etc. Isto tem de ser corrigido para futuras linhas de metrô – pode ser com transferência de riscos –, mas estou convencida de que o Estado deve assumir essas funções. Isto tem que ser antecipado para que quando chegar a iniciativa privada já seja liberado um bom percentual. Parte da nossa dificuldade é que somos a primeira linha subterrânea do país e não havia know-how prévio”, afirmou.

PROGRESSO

A primeira fase do megaporto de Chancay – estimada em US$ 1,3 bilhão – será inaugurada em novembro, durante a Cúpula da APEC, e, segundo declarações de Mario De Las Casas, diretor de relações institucionais do CSPCP, o andamento total da obra é de 91%. Tejada indicou, por sua vez, que procurarão adiantar o lançamento comercial do porto para dezembro de 2024, data inicialmente prevista para janeiro de 2025.

No caso da Linha 2, o projeto de US$ 5,35 bilhões tem um avanço acumulado de 57% segundo o regulador Ositran, e as obras continuam apesar das ameaças do Município de Lima (MML) de interrompê-las. Segundo o Ministério dos Transportes e Comunicações, a escavação da Estação Central já foi concluída, com as obras atualmente rumo à estação de Bolognesi.