Cooperação público-privada pode ajudar a resolver problemas hídricos da agricultura chilena

Com o setor agrícola do Chile enfrentando problemas de abastecimento de água, devido a uma seca recorde, os funcionários públicos e os players do setor privado concordam que a cooperação público-privada e a tecnologia são fundamentais, mas também são necessárias regras mais claras.

“Cada um tem um papel a cumprir. O que pedimos ao Estado são regras claras para que o setor possa funcionar. Nós podemos cuidar do restante”, disse à BNamericas Antonio Walker, presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), em um seminário sobre parcerias público-privadas.

O governo pretende criar conselhos de bacias público-privadas para melhorar a gestão da água, mas Walker alegou que estas entidades assumiriam as funções atualmente desempenhadas por grupos de consumidores de água, que são ONG privadas.

“Para melhorar a gestão da água, todos os consumidores devem dialogar”, destacou Walker, ex-ministro da Agricultura.

No entanto, o atual ministro da Agricultura, Esteban Valenzuela, afirmou no seminário organizado pelo think tank de infraestrutura CPI, que os conselhos de bacias não forçarão o setor agrícola para fora da gestão da água e reiterou a vontade do setor público de ouvir as preocupações da SNA.

“Como Ministério, temos sido muito enfáticos ao afirmar que os consumidores de água, os serviços públicos, o APR [sistema de água rural] e a agricultura devem ser os principais intervenientes nestes conselhos”, destacou Valenzuela.

Cerca de 58% das terras cultivadas do país se beneficiam de irrigação técnica, informou Walker à BNamericas. Ele também pediu mais construção de reservatórios e revestimento de canais de água para evitar perdas por infiltração, entre outras ações.

Valenzuela acrescentou que a Comissão Nacional de Irrigação (CNR) está começando a alocar financiamento para comportas telemétricas de água e sistemas de membranas mistas, bem como para pequenas usinas de dessalinização que atendem à agricultura costeira.

Ele também mencionou que a concessão do reservatório de Zapallar, no valor de US$ 213 milhões, recebeu aprovação ambiental esta semana.

O projeto consiste na criação de um reservatório com capacidade de 70 milhões de m³ de água para abastecer os municípios de San Ignacio e El Carmen, na região de Ñuble.

Ao contrário de outras concessões, em que o projeto é concedido primeiro e depois a concessionária se encarrega de obter a licença ambiental, o Ministério das Obras Públicas optou por obter a licença antes de leiloar o contrato e está estudando utilizar esta abordagem para outras concessões.

Uma licitação para o reservatório será lançada este ano e, como a licença ambiental já foi concedida, as autoridades estimam que a construção comece em 2025, acrescentou Valenzuela.