Corte no orçamento pode ameaçar projetos hídricos no México

Após a aprovação do orçamento do México para 2025, na semana passada, organizações ambientais e especialistas relataram que o grande corte no orçamento da Comissão Nacional de Água (Conagua) pode colocar em risco o plano nacional de recursos hídricos e o direito público de acesso à água.

No projeto de lei aprovado pelo Congresso, o orçamento da Conagua para o próximo ano foi reduzido em 43,2% em comparação com 2024.

“É absurdo promover o direito humano ao acesso à água sem apoiá-lo com investimentos em infraestrutura suficientes para garantir o acesso daqueles que mais precisam”, disse à BNamericas Miguel Cancino, especialista ambiental e associado sênior da DAT Consultores.

“Embora [a presidente Claudia] Sheinbaum diga que, para desenvolver os projetos de água propostos por Andrés Manuel López Obrador, é preciso de tempo para planejar e executar, a redução do orçamento dificulta a fase de preparação”, acrescentou.

Cancino ressaltou que a situação da água no México é crítica.

“Atualmente, enfrentamos problemas estruturais alarmantes: cerca de 50% da água é desperdiçada por vazamentos na rede de distribuição, grande parte dos corpos d’água do país estão contaminados e a captação de água da chuva é praticamente inexistente”, pontuou.

ONGs destacam que o orçamento ambiental foi reduzido em 5,6%, incluindo os cortes nos gastos da Conagua.

“O orçamento da comissão foi gravemente punido, o que limita sua capacidade de enfrentar problemas sérios, como poluição da água e gestão equitativa deste recurso vital”, disse Charlie Punzo, pesquisador da ONG Fundar, durante um fórum sobre fracking, mudanças climáticas e meio ambiente, de acordo com o jornal El Economista.

Em novembro, o governo mexicano apresentou seu plano nacional de recursos hídricos para os próximos seis anos, focando principalmente no objetivo de reduzir a quantidade usada na agricultura e na indústria para que haja mais água disponível para o consumo humano. As autoridades também listaram 15 projetos a serem desenvolvidos durante a administração de Sheinbaum, entre 2024 e 2030.

Outros setores afetados pelos cortes orçamentários foram educação e saúde, o que pode impactar a construção ou reforma de hospitais em todo o país, uma acusação que foi negada por membros e apoiadores do partido governista Morena.

“Não há corte, trata-se mais de uma reorganização de recursos relacionados à segurança pública, saúde, infraestrutura e setores onde medidas serão tomadas”, explicou o congressista Ricardo Astudillo, do Partido Verde Mexicano (PVEM), ao El Economista.