Cresce pessimismo entre empresários do setor de mineração da Colômbia devido à falta de apoio do governo

A indústria de mineração da Colômbia enfrenta um pessimismo crescente em relação ao futuro, segundo as conclusões da décima pesquisa Brújula Minera [Bússola da Mineração], realizada pela consultoria Jaime Arteaga y Asociados em conjunto com o Centro Nacional de Consultoria.

A pesquisa revelou que os empresários do setor percebem uma falta de apoio do governo. Além disso, o percentual de cidadãos de municípios mineradores que consideram a atividade benéfica também caiu.

A pesquisa foi realizada entre 278 gestores do setor e 261 autoridades locais, de mineração, ambientais e regulatórias.

Entre os empresários consultados, 49% afirmaram que reduziriam suas operações na Colômbia nos próximos cinco anos se as condições atuais fossem mantidas, contra apenas 14% que ampliariam as operações e 37% que continuariam com os mesmos níveis.

A pesquisa detalhou que 34% dos entrevistados consideram que a falta de apoio do governo federal é o principal problema que leva os empresários da mineração a acreditar na redução de suas operações no país.

A falta de estabilidade jurídica é vista como o principal problema para 21% dos participantes, enquanto as dificuldades para a obtenção de licenças ambientais preocupam 19%.

Apesar disso, 68% dos gestores afirmaram que os investimentos sociais de suas empresas aumentaram no último ano.

“Os resultados mostram que, embora a opinião pública continue confiando nas oportunidades da mineração, o pessimismo dos empresários e o progresso limitado nas políticas governamentais foram transmitidos, especialmente para os municípios produtores de carvão metalúrgico em Cundinamarca e Boyacá e os de metais e pedras preciosas em Antioquia e Chocó”, afirmou o diretor da consultoria, Jaime Arteaga, durante a apresentação dos resultados da pesquisa.

O relatório revelou, ainda, uma redução entre os empresários que acreditam que houve avanços na transição energética este ano: 48% dos consultados na edição deste ano em comparação com 66% em 2021 e 54% em 2022.

Dos executivos entrevistados, 34% consideram que o país avançou no combate à mineração ilegal e 38% relatam progressos na formalização da mineração em pequena escala.

Este ano, o setor de mineração local terá de enfrentar tarefas importantes, como a criação da mineradora estatal Ecominerals no segundo semestre; as reformas do código de mineração, que, entre outras questões, contemplariam alterações no mecanismo de atribuição de áreas para exploração mineral; o estabelecimento de políticas de proteção, formalização e apoio à mineração artesanal; e a suspensão da concessão de contratos de exploração a céu aberto.

Além disso, os empresários estão preocupados com um decreto assinado em janeiro, que autoriza o Ministério do Meio Ambiente a identificar, delimitar e declarar reservas de recursos naturais por até cinco anos, prorrogáveis uma vez, desde que “não haja certeza sobre a compatibilidade ou incompatibilidade das atividades minerárias na área reservada”, segundo o texto.

Durante a vigência da declaração de reserva, as autoridades não poderão conceder licenças ambientais para pesquisa ou exploração mineral.

O presidente da associação setorial ACM, Juan Camilo Nariño, disse à BNamericas em janeiro que “os anúncios do governo sobre a nova regulamentação geram incerteza e mantêm o setor de investimento privado em espera até que haja clareza sobre o futuro para a tomada de decisões”.