De olho nos benefícios do Rigi, argentina YPF cria subsidiária de GNL

A empresa estatal argentina de hidrocarbonetos YPF criou uma subsidiária de liquefação de gás natural chamada Argentina LNG.

Além de aumentar as exportações de petróleo, a YPF quer começar a enviar gás natural liquefeito (GNL) para mercados internacionais.

Entre as diversas funções da Argentina LNG estão a construção ou contratação de ativos de liquefação, a construção ou contratação de infraestrutura de transporte e a compra de gás natural.

O escopo dos trabalhos inclui comercialização de GNL, obtenção de financiamento e investimento em outras empresas, de acordo com uma nota publicada no Diário Oficial do governo federal.

A Argentina LNG “pode se tornar a empresa pública mais importante da próxima década”, disse Juan José Carbajales, ex-subsecretário de Hidrocarbonetos e atual diretor da consultoria energética argentina Paspartú, na plataforma X (antigo Twitter).

A formação argentina de gás não convencional de Vaca Muerta abriga a segunda maior reserva de gás de xisto do mundo.

A Argentina LNG foi criada tendo em vista o regime de incentivos ao investimento do governo federal (Rigi), acrescentou Carbajales, que também é diretor do instituto de petróleo e gás da Universidade de Buenos Aires, conhecido como Igpuba.

O Rigi estabelece uma série de benefícios fiscais e cambiais e regras estáveis por 30 anos. Autoridades publicaram recentemente as normas para projetos e provedores que queiram aderir ao regime.

“O único acionista é a YPF S.A., que segue o modelo de subsidiária que tinha com a [petroleira norte-americana] Chevron em 2013 para explorar Vaca Muerta”, disse Carbajales à BNamericas.

“Ela terá contabilidade separada [fora do balanço], permitindo, entre outras coisas, o envolvimento no financiamento de projetos sem dívida direta com a empresa controladora.”

Ainda restam dúvidas sobre como a YPF avançará com seus planos multibilionários para o GNL, com a parceira original Petronas ou outros participantes do setor.

Com base em comentários anteriores da YPF, espera-se que a capacidade de produção de 1-2 MMt/ano (milhões de toneladas por ano) comece em 2027, utilizando infraestrutura flutuante de GNL na costa da província de Río Negro, antes de aumentar para mais de 17 MMt/ano até 2032, após a construção de uma planta em terra.

Outra empresa que quer entrar no mercado argentino de GNL é a Southern Energy. Propriedade da produtora de hidrocarbonetos Pan American Energy e da empresa de logística de GNL Golar, a Southern Energy pretende começar a despachar GNL em 2027 de um navio offshore em Río Negro.

A empresa local de upstream Tecpetrol também tem um projeto em andamento, uma instalação modular onshore envolvendo uma capacidade inicial de 2-4 MMt/ano de GNL.

A empresa argentina de midstream de gás TGS e a empresa de logística de energia Excelerate Energy também têm avaliado a instalação de um projeto modular. A planta, segundo comentários anteriores, começaria com 1 MMt/ano, com uma expansão projetada de até 4 MMt/ano.

Com base nos números, a potencial demanda inicial de gás natural dos players do mercado de GNL pode totalizar até 36 MMm³/d.

A produção de gás do país foi de cerca de 153 MMm³/d em agosto, com cerca de metade correspondendo ao gás de xisto de Vaca Muerta.

Hoje, a Argentina exporta até cerca de 10 MMm³/d de gás via gasoduto – principalmente para o Chile. Despachos para o Brasil através da infraestrutura boliviana, de até 4 MMm³/d, inicialmente, podem começar nos próximos meses.