Desaceleração dos investimentos no setor de água gera preocupação no Brasil

Embora as empresas privadas ainda estejam entrando no setor de água e resíduos do Brasil, começaram a surgir preocupações com uma desaceleração do ritmo de investimento, que colocaria em risco a meta de cobertura universal até 2033.

Uma reforma oficializada em 2020 abriu o setor para a participação privada e estabeleceu a meta de cobertura, obrigando governos locais a procurarem empresas eficientes e não necessariamente públicas.

No entanto, durante uma audiência no Congresso, Marcelo Trindade, economista do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), afirmou que, com o investimento anual médio atual, baseado em números de 2008 a 2021, a meta só seria alcançada em 2040. Ele acrescentou que seriam necessários R$ 31,5 bilhões (US$ 6,42 bilhões) por ano para atingir a meta em 2033.

O BNDES está apoiando os governos locais na estruturação de PPPs e concessões de água e fornecendo financiamento.

Trindade se mostrou preocupado com alguns projetos privados e defendeu o adiamento da privatização da maior empresa de água do Brasil, a Sabesp, controlada pelo estado de São Paulo.

Segundo ele, a Sabesp está investindo adequadamente e a cobertura está avançada no estado, em comparação com outros locais. A privatização desta empresa saudável pode atrair investimentos às custas de estados com maiores necessidades.

Porém, o setor continua tentador.

“A nova regulamentação do setor de saneamento nos deu segurança e vamos olhar ativamente para os contratos de concessão e PPPs do setor, principalmente aqueles que forem estruturados pelo BNDES e pela IFC”, comentou Marcelo Souza, sócio da gestora de recursos brasileira Pátria Investimentos, em bate-papo com a BNamericas.

A Kinea, gestora de recursos vinculada ao Itaú, faz parte do consórcio que venceu o leilão da empresa de água do Rio Grande do Sul. “Gostamos do setor de saneamento e continuaremos analisando a possibilidade de investir em ações de empresas do setor, no nosso caso como acionistas minoritários”, disse à BNamericas o sócio da Kinea, Aymar Almeida.