Destaque: a estratégia da Arábia Saudita na América Latina

Representantes do Ministério de Investimentos da Arábia Saudita estão em visita pelo Brasil, Chile, Costa Rica, Argentina, Panamá e Paraguai para avaliar oportunidades em uma tentativa de diversificar a economia com outras opções além da produção de petróleo.

Uma das primeiras paradas do ministro de Investimentos, Khalid Al-Falih, foi um fórum de negócios na sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), do qual também participaram autoridades federais.

O fórum comemorou os 50 anos da abertura da embaixada de uma Arábia Saudita no Brasil e foi usado para assinar 25 MoUs nos setores petroquímico, de saúde, turismo e outros.

“Os sauditas estão interessados em ativos de uma forma muito diversificada na região, desde aqueles ligados à transição energética e mineração até agricultura e logística”, disse à BNamericas Carlos Daltozo, diretor de análise de ações da Eleven Financial Research.

“O modelo de investimento da Arábia Saudita na região também difere do da China, que geralmente prefere assumir o controle de ativos e projetos. A Arábia Saudita prefere buscar parceiros locais para investimentos na região”, acrescentou Daltozo, que também participou do evento.

Um MoU entre a empresa de construção civil OEC e o Ministério de Investimentos envolve a abertura de uma sede regional na Arábia Saudita para explorar oportunidades em consórcio com empresas sauditas, informou a pasta em um comunicado.

Antes do fórum, a mineradora Vale anunciou um acordo para vender uma participação de 13% em sua divisão de cobre e níquel VBM por US$ 3,4 bilhões para a Manara Minerals, uma joint venture entre Ma’aden e um fundo de investimento da Arábia Saudita, de acordo com um comunicado da empresa.

A viagem da delegação terminará no dia 9 de agosto no Panamá, onde serão realizadas outras “rodadas de alto nível entre empresas, gerando a oportunidade de explorar o potencial para aprofundar as parcerias existentes”, segundo o ministério saudita.

“A visita reflete os crescentes laços econômicos entre a Arábia Saudita e as Américas. No ano passado, o primeiro fórum de investimento saudi-caribenho foi realizado na República Dominicana, enquanto no início deste ano, uma delegação saudita de alto escalão [...] visitou a Costa Rica, a República Dominicana, o Panamá e a Colômbia”, acrescentou.

Segundo o ministério, os setores não petrolíferos da Arábia Saudita estão crescendo, enquanto o país quer liberar mais de US$ 3 trilhões em investimentos por meio de uma estratégia nacional – que o Brasil quer aproveitar.

“Precisamos de desenvolvimento aliado à sustentabilidade. O Brasil tem compromisso com combate às mudanças climáticas, com a preservação da maior floresta tropical do mundo, e ao fazer essa transição [energética] veremos surgir diversas oportunidades de investimento e parcerias”, disse o vice-presidente Geraldo Alckmin no fórum.

A Arábia Saudita, por sua vez, quer estar preparada para uma menor demanda por combustíveis fósseis. O pico de demanda já foi alcançado, com novas reduções esperadas até 2050, apontou a BP em suas perspectivas de energia.

“O futuro da energia global é dominado por quatro tendências: declínio do papel dos hidrocarbonetos, rápida expansão das energias renováveis, aumento da eletrificação e uso crescente de hidrogênio com baixo teor de carbono”, destacou o relatório.

Na foto: representantes de governos federais e estaduais do Brasil e da Arábia Saudita no fórum.