Destaque: a expansão dos investimentos em tecnologia da Petrobras

A Petrobras é uma das principais compradoras de tecnologia, telecomunicações e serviços de TI no país, com projetos que vão desde grandes estruturas, como redes de fibra offshore e redes privadas sem fio, até software de visualização geológica e supercomputadores.

Em 2022, a empresa desembolsou mais de R$ 4 bilhões (US$ 770 mi) em despesas com P&D de tecnologia, um aumento de cerca de R$ 1 bilhão em relação a 2021.

No quarto trimestre, essas despesas caíram 4,3% em relação ao ano anterior, para R$ 942 milhões.

Em seus relatórios financeiros e operacionais, a empresa disse que o crescimento dessas despesas em 2022 é explicado “pelo aumento da obrigação legal de investir em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I), principalmente devido ao aumento das receitas dos campos do pré-sal.”

Do total de despesas de P&D em tecnologia da empresa em 2022, a área de exploração e produção (E&P) representou R$ 3,48 bilhões, ante R$ 2,25 bilhões em 2021.

PLANO 2023-27

O atual plano estratégico da Petrobras, que contempla US$ 78 bilhões em investimentos para 2023-27, destina US$ 2,1 bilhões para transformação digital e inovação.

Nessa frente, a empresa está investindo na conectividade offshore, englobando tanto a malha de fibra ótica quanto as redes móveis privadas, e o uso de satélites de alta capacidade.

Uma sétima rede onshore estava prestes a ser totalmente ativada, disse Maximiliam Vieira, consultor sênior de TIC da empresa e um dos responsáveis pelo projeto, à BNamericas em janeiro.

Atualmente, as redes privadas sem fio estão funcionando em 11 das 29 plataformas e em seis das 17 instalações terrestres, todas parte da primeira fase do projeto.

O projeto compreende uma rede dedicada para 46 unidades onshore e offshore até 2024, mas esse número pode aumentar à medida que a Petrobras adicionar mais plataformas ao seu portfólio.

As instalações terrestres incluem refinarias, usinas de processamento de gás, usinas térmicas, terminais portuários e armazéns logísticos.

A empresa também pretende avançar em computação de alto desempenho (HPC, ou supercomputadores) e computação quântica, tanto para processamento sísmico quanto para estudos de reservatórios.

A Petrobras possui atualmente quatro supercomputadores, com previsão de funcionamento de um quinto até o final deste mês. Batizada de Gaia, a máquina deve aumentar a capacidade total de processamento dos computadores da Petrobras de 63 para cerca de 70 petaflops.

Só o Gaia terá capacidade de processamento de 7,7 petaflops, o que equivale a 1,5 milhão de celulares ou 40 mil laptops, e consumo de energia estimado em 574 kW.

A meta da Petrobras é atingir uma capacidade de HPC equivalente a 550 mil laptops potentes até 2027.

A digitalização e a robotização, com o uso de IoT, além de novos conceitos tecnológicos para desenvolvimento da produção e novas tecnologias para redução de emissões de gases de efeito estufa, também fazem parte da agenda prioritária na transformação digital, especialmente no segmento de E&P.

A Petrobras tem como meta ter 80% de seus processos digitalizados até 2027, com foco na robotização dos processos, e atingir 185 “trabalhadores digitais” (processos automáticos robóticos), levando a mais de 850 mil horas de produtividade por ano.

A empresa também disse que pretende até 2027 ter mais de 25 mil funcionários treinados e requalificados em habilidades digitais.

Na área onshore, as redes privadas em armazéns e terminais logísticos e novas plataformas de CRM, entre outras, serão o foco.

Em logística, especificamente, a empresa pretende investir US$ 810 milhões no período, boa parte dos quais em eficiência e tecnologia logística.

Outras frentes tecnológicas nas quais a Petrobras pretende apostar são os gêmeos digitais modernos, que incluem o uso de IA, e a adoção de tecnologias low-code para acelerar a entrega de soluções de software, além de maior proteção contra ataques cibernéticos.

Do ponto de vista da criação tecnológica, a empresa almeja em seu plano estratégico ter 1,2 mil patentes ativas em 2025.

Segundo o relatório de 2022 da Petrobras, a empresa já possui 1,1 mil patentes ativas.