Destaque: atualização sobre gás natural no Brasil
Duas das maiores transportadoras de gás natural do Brasil iniciaram operações conjuntas em um novo ponto de interconexão bidirecional no estado do Rio de Janeiro.
Desde 1º de janeiro, a Nova Transportadora do Sudeste (NTS) e a Transportadora Associada de Gás (TAG) estão conectadas diretamente. Isto permite a transferência contínua de gás natural entre suas instalações ao longo dos gasodutos Cabiúnas-Vitória (Gascav) e Cabiúnas-Reduc III (Gasduc III), localizados próximos ao terminal de Cabiúnas (Tecab), em Macaé.
A interligação foi autorizada pela Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) no final de dezembro. A nova infraestrutura integra redes de transporte de gás natural nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.
“Essa infraestrutura contribui para que o gás do pré-sal abasteça o Brasil, chegando tanto ao Sul quanto ao Nordeste”, disse Erick Portela, CEO da NTS.
“Estamos avançando efetivamente na criação de um hub nacional de comercialização, reforçando o papel estratégico da infraestrutura de transporte em viabilizar o acesso do mercado às múltiplas ofertas disponíveis no Brasil”, acrescentou Gustavo Labanca, CEO da TAG.
A ANP enfatizou os benefícios da fusão de áreas de mercado de transporte para conectar regiões atendidas por diferentes transportadores. “A implantação desse projeto é um importante passo para o processo de fusão de áreas de mercado”, afirmou.
A iniciativa está alinhada com a Nova Lei do Gás, promulgada em 2021, que permite que as partes contratem a entrada com uma transportadora (por exemplo, a NTS) e a saída com outra (por exemplo, a TAG), aumentando assim a liquidez e o dinamismo do mercado, acrescentou a agência.
NTS e TAG já assinaram contratos mensais de interconexão com a Eneva e a BTG Pactual Commodities, totalizando aproximadamente 220.000 m³/dia.
NOVOS CONTRATOS
Em São Paulo, a Comgás, maior distribuidora de gás natural da América Latina, assinou três novos contratos de compra com início em janeiro de 2025, em modalidade firme e inflexível.
Os contratos, adjudicados após concurso público em junho de 2024, foram assinados com Brava, Equinor e Galp:
- Brava: contrato de três anos com volumes variando de 150.000 a 450.000 m³/dia, alinhado à demanda sazonal dos clientes da Comgás. Trará suprimentos de gás onshore para o mercado de São Paulo.
- Equinor: contrato de 10 anos com volumes crescentes de 50.000 para 1.000.000 m³/dia, garantindo o fornecimento do projeto Raia, na Bacia de Campos, com início de produção previsto para 2028.
- Galp: contrato de um ano para 150.000 m³/dia, proporcionando maior flexibilidade e diversidade.
PRODUÇÃO E IMPORTAÇÃO
A produção nacional de gás natural em novembro foi de 158 MMm³/dia (milhões de metros cúbicos por dia) – queda de 2,8% em relação ao ano anterior e 0,8% menor em relação a outubro. O volume disponível ao mercado (após consumo de campo, queima e reinjeção) foi de 55,9 MMm³/dia.
As cinco maiores produtoras em novembro foram:
- Petrobras: 99,4 MMm³/dia
- Shell: 18,6 MMm³/dia
- TotalEnergies: 8,6 MMm³/dia
- CNOOC: 4,6 MMm³/dia
- Petrogal: 4,4 MMm³/dia
O fornecimento de gás natural importado no Brasil aumentou 57% no interanual de agosto, com média de 22,2 MMm³/d, conforme o relatório mensal de gás natural do Ministério de Minas e Energia (MME). Em comparação com julho, as importações aumentaram 1,4%.
As importações de gás boliviano atingiram 13,7 MMm³/d – aumento de 3% em relação ao ano anterior e de 8% em relação a julho.
A regaseificação de GNL atingiu 8,5 MMm³/d em agosto, representando um aumento de 912% ano a ano, ainda que com declínio de 8% em relação a julho. O forte aumento anual reflete a seca severa de 2023, que forçou o Brasil a produzir mais energia em termelétricas a gás.
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