Destaque: o projeto de nuvem do governo brasileiro

O Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) pretende ativar a primeira etapa do projeto chamado de “nuvem soberana” do Brasil até o início de novembro, segundo a diretora de desenvolvimento da estatal, Ariadne Fonseca.

O Serpro assinou um contrato de 10 anos e R$ 368 milhões (US$ 67 mi) com o Google para instalar uma unidade do Google Distributed Cloud em seus datacenters. O modelo oferece a opção de isolamento físico para garantir a residência local dos dados com restrições de acesso – razão pela qual o governo o chama de “soberano”, apesar de depender de um provedor de nuvem multinacional privado.

“A nuvem governamental permite que órgãos públicos migrem serviços e sistemas críticos do Estado brasileiro para a infraestrutura de nuvem, garantindo autonomia completa no armazenamento e processamento de dados públicos. Este é um marco na soberania digital do país”, declarou Fonseca durante o recente Google Cloud Summit.

O controle e a gestão dos dados serão realizados exclusivamente pelos funcionários do Serpro, “sem qualquer possibilidade de transferência internacional de dados”, complementou em nota o presidente do Serpro, Alexandre Amorim.

OUTROS FORNECEDORES

O Google não é a única multinacional de nuvem envolvida no projeto do governo brasileiro. O Serpro também empregará soluções da Oracle para os bancos de dados, enquanto a tecnologia da AWS também será usada.

No mês passado, a Dataprev – outra empresa de dados do governo – também contratou a Oracle para fornecer uma plataforma soberana de dados multinuvem. A Oracle irá configurar sua solução Dedicated Region Cloud@Customer (DRCC) dentro dos datacenters da Dataprev, assim como em seu contrato com o Serpro.

Em junho, a Dataprev assinou um acordo multinuvem com a chinesa Huawei.

A Dataprev é responsável por gerenciar e processar todos os dados da previdência social e informações sobre benefícios previdenciários do país, entre outras funções.

No Serpro, a expectativa é que a nova infraestrutura melhore a eficiência e a capacidade de análise de dados críticos e, consequentemente, os serviços oferecidos aos cidadãos, estados e outras estatais.

O governo também pretende treinar modelos de IA que respeitem as “especificidades culturais, linguísticas e legais do Brasil”.

O governo brasileiro alega que o Serpro é a maior empresa estatal de TI do mundo. A empresa é responsável por serviços como o site do governo federal, registro digital de eleitores, carteiras de motorista digitais e certificados digitais.

O projeto de nuvem governamental do Serpro, anunciado em novembro de 2023, tem um plano de investimento de R$ 710 milhões, conforme previsto no Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), lançado pelo governo federal em julho.